Sobre o poder ver e tornar visível a sexualidade feminina: pontos de contato entre ginecologia americana e a sexologia forense brasileira

• Processo: 21/14367-0
• Modalidade de apoio: Bolsas no Exterior - Estágio de Pesquisa - Pós-Doutorado
• Data de Início da vigência: 01 de março de 2022
• Data de Término da vigência: 30 de novembro de 2022
• Área de conhecimento: Ciências Humanas - Antropologia
• Pesquisador responsável: Lilia Katri Moritz Schwarcz
• Beneficiário: Larissa Nadai
• Supervisor: Ann Laura Stoler
• Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
• Instituição Anfitriã: New School for Social Research, Estados Unidos
• Vinculado à bolsa: 18/26728-4 - Quais corpos para quais técnicas: da himenolatria aos especialistas em sexologia forense, BP.PD
• Assunto(s): Ginecologia Sexualidade Sexologia forense Gêneros (grupos sociais) Grupos étnicos
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: Arquivos | Gênero | ginecologia | raça | Sexologia Forense | Sexualidade | Historia do Pensamento Social Brasileiro

Resumo

O presente projeto, a ser realizado na The New School for Social Research (NSSR), em Nova Iorque, EUA, sob a supervisão da Drª. Ann Laura Stoler, se dará no bojo de minhas atuais pesquisas de pós-doutorado, que buscam recompor as conexões entre gênero, sexualidade, classe e raça que dão urdidura à sexologia forense do começo do século XX no Brasil. Em particular, interessa destacar a surpreendente centralidade que o hímen ganhou neste campo disciplinar, erigindo-se como elemento diacrítico à constatação do estupro enquanto crime. Como proposto no projeto original, a realização da bolsa de estágio nos Estados Unidos tem por objetivo traçar rotas e conexões pouco exploradas entre os ensinamentos de sexologia forense, centrados no hímen, e uma sorte de escrutínios empreendidos sobre o corpo feminino pela ginecologia e obstetrícia, em contexto estadunidense. Ao contra restar estes distintos campos de saber, pretendo traçar pontos de contato e lançar luz às similitudes destas técnicas de conhecimento, calcadas em penetrar, desvelar, vasculhar certos corpos cujas localizações de raça, classe, gênero e sexualidade são fundamentais. Para tanto, fixo minhas investigações em diferentes acervos destinados à ginecologia e à obstetrícia americana. Principalmente, aqueles voltados às práticas médicas desenvolvidas por James Marion Sims (1835-1884), popularmente conhecido como "pai da ginecologia moderna". Sua fama e renome têm por substrato perversas técnicas ginecológicas - cirurgias reparadoras, himenotomias, cisões ovarianas - empreendidas, sobretudo, nos corpos de mulheres escravizadas e imigrantes, ao longo do século XIX, inclusive em hospitais de referência como o Hospital da Mulher da Columbia University, em Nova Iorque. Somado a isso, tal projeto busca fomentar o intercâmbio intelectual e acadêmico entre as tradições antropológicas americanas e brasileiras, pensando, em especial, nas articulações entre raça, sexualidade, escravidão e governança, numa perspectiva comparada. (AU)