A comunidade do Ribeirão Grande-Terra Seca: etnogênese e territorialidade quilombola

• Processo: 24/19699-9
• Modalidade de apoio: Bolsas no Exterior - Estágio de Pesquisa - Mestrado
• Data de Início da vigência: 10 de março de 2025
• Data de Término da vigência: 09 de setembro de 2025
• Área de conhecimento: Ciências Humanas - Geografia - Geografia Humana
• Pesquisador responsável: Valeria de Marcos
• Beneficiário: Lucas Martines de Azevedo da Silva
• Supervisor: Veronique Boyer
• Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
• Instituição Anfitriã: Laboratoire Mondes Américains, França
• Vinculado à bolsa: 23/04007-1 - Patriarcado e territorialidade quilombola no Vale do Ribeira: um estudo sobre a relação entre gênero e trabalho na comunidade do Ribeirão Grande-Terra Seca, BP.MS
• Assunto(s): Comunidades Gênero Territorialização Geografia agrária
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: comunidade | Etnogênese | Gênero | quilombo | Territorialização | Geografia Agrária

Resumo

O projeto de mestrado em andamento investiga a relação entre gênero e trabalho na produção da territorialidade quilombola na comunidade do Ribeirão Grande-Terra Seca (Barra do Turvo, SP). A comunidade se autoidentificou como quilombola no início dos anos 2000, com o apoio da EAACONE, para enfrentar a intensificação das políticas ambientais preservacionistas no Vale do Ribeira, estabelecidas em 1969, mas efetivamente implementadas apenas na década de 1990. A territorialidade quilombola, conforme entendida neste estudo, envolve não apenas práticas de uso comum da terra e manejo de recursos naturais mediadas por relações de parentesco, mas também uma nova relação social com o território que fortalece a luta política, rompe relações de poder assimétricas previamente estabelecidas e legitima práticas produtivas já existentes. Essas transformações impactam as relações de gênero, tanto na mobilização política quanto nas relações internas de produção, ao mesmo tempo em que são impactadas por elas. Na literatura especializada, esses processos - produção de uma territorialidade específica, autorreconhecimento como sujeitos de direitos, amparo legal às práticas produtivas e mudanças nas relações de gênero - têm sido discutidos por meio do conceito de etnogênese. Para aprofundar a compreensão teórica das condições que mediam o exercício dos papéis de gênero por mulheres e homens dentro da comunidade após o autorreconhecimento quilombola, este projeto propõe um estágio de pesquisa no Laboratório Mondes Américains (EHESS), em Paris, sob a supervisão da Dra. Véronique Boyer, especialista na área. O estágio tem como objetivo investigar as relações entre gênero, etnogênese e territorialidades étnicas na literatura antropológica, a fim de fornecer à pesquisa em curso a base teórica necessária para compreender as complexas mediações envolvidas na reprodução das relações de gênero e na produção da territorialidade quilombola. Além disso, busca internacionalizar os resultados preliminares da pesquisa, submetendo-os à avaliação e ao escrutínio de especialistas da área, cujas contribuições podem enriquecer a qualidade das reflexões desenvolvidas até o momento.