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Espectrografias machadianas: instáveis heranças da escrita entre o impresso e a tradição

Processo: 23/17697-6
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Doutorado
Data de Início da vigência: 01 de abril de 2025
Data de Término da vigência: 31 de março de 2028
Área de conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Brasileira
Pesquisador responsável:Lucia Granja
Beneficiário:Guilherme de Souza Lopes
Instituição Sede: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Assunto(s):Machado de Assis
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Espectralidade | Impresso | Literatura e Materialidade | Machado de Assis | Memórias Póstumas de Brás Cubas | Teoria e historiografia literária

Resumo

Este projeto de tese vincula-se ao projeto temático 2020/03648-5: "Machado de Assis: páginas escritas e papéis editoriais." A consciência material de Machado de Assis, autor cuja trajetória e prática de trabalho revelam sua participação ativa nas cadeias produtivas do livro e do jornal, bem como dos processos burocráticos dos ofícios ministeriais (Chalhoub, 2003), possibilitou-lhe operar com uma noção de "texto" que, distante das associações habituais à fixidez ou à estabilidade do registro impresso, estaria marcada pelo inacabamento, pela iteração e pela reescrita, resultando na inconstância dos sentidos atribuídos aos escritos e na fragilidade e degradação material dos papéis. Tal compreensão está presente não apenas na renovada postura crítica do autor maduro diante do jornal (Granja, 2018), o qual passa a ser entendido como espaço de ensaio e de errata (Süssekind [1989] 2003), mas também no estatuto de sua ficção. A instabilidade do papel e da escrita tornam-se tópicas reincidentes para a ficção machadiana, exemplarmente dramatizadas em Memórias Póstumas de Brás Cubas, romance central para a tese, que funcionará como eixo, a partir do qual analisaremos outras obras do autor. A hipótese a ser investigada é a de que as noções de volubilidade do autor ficcional/narrador Brás Cubas, sua condição fantasmagórica num entrelugar entre o passado e o presente e a encenação lábil da escrita de suas memórias - figurada na teoria da errata pensante - são maneiras de exibir a condição espectral do texto, comportando um processo em elaboração que configura certa formulação a propósito da dificuldade de se estabelecer sentidos fixos sobre o passado, sobre uma suposta realidade predefinida e sobre a própria situação presente da enunciação. Interpretamos o procedimento relacionando-o a questões e entendimentos de época, em sintonia com a contextualidade do mundo dos papéis de Machado e com o repertório de suas leituras. Historicamente situadas, as espectrografias machadianas corresponderiam ao modo do discurso de ficção, por meio das figurações da errata e da edição, visibilizar a infixidez do passado e exibir a abertura de significação do presente. Como consequência, o procedimento também estaria articulado à tópica da tradição, uma vez que o gesto autoral de reescrever os sentidos e proposições dos velhos papéis de seus predecessores dramatiza a mobilidade e variação desses textos, além de sugerir a postura ativa de reformulá-los como maneira de se eleger e de responder, em uma dinâmica de contaminações, às heranças espectrais da tradição e às crises escriturais de seu tempo.

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