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Camisinha, homoerotismo e os discursos da prevenção de HIV/aids

Texto completo
Autor(es):
Thiago Félix Pinheiro
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Medicina (FM/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Jose Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres; Regina Maria Barbosa; Ivan França Junior; Vera Silvia Facciolla Paiva
Orientador: Jose Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres; Georgia Sibele Nogueira da Silva
Resumo

A proposição inicial do uso de camisinha como prevenção de HIV/aids está vinculada à noção de sexo seguro, desenvolvida pela comunidade gay estadunidense no início da década de 1980. No Brasil, o sexo seguro foi incorporado nas primeiras respostas à epidemia e, com o desenvolvimento das ações preventivas, a camisinha foi adotada como a principal estratégia de proteção contra a transmissão do HIV por via sexual. Atualmente, o segmento populacional composto por gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) configura um dos focos de concentração da epidemia e, portanto, um dos públicos-chave para o direcionamento da prevenção. Este trabalho tem como objetivo recuperar os discursos acerca da camisinha como estratégia de prevenção de HIV/aids entre gays/HSH, construídos pela política pública de saúde e pelos movimentos sociais no Brasil, buscando compreender seus significados no contexto dos impasses enfrentados pela prevenção ao longo de sua história. O estudo é fundamentado nas abordagens construcionistas da sexualidade e utiliza como referências a perspectiva da vulnerabilidade e a teoria dos scripts sexuais. Trata-se de investigação qualitativa, realizada com base em entrevistas em profundidade com 13 pessoas que mantêm/mantiveram envolvimento significativo com o enfrentamento da epidemia de HIV/aids no país e/ou com a reflexão acerca das questões relativas à prevenção, especialmente no âmbito dos cenários sexuais gays/HSH. Foram selecionados atores de destaque no trabalho relacionado à promoção do uso da camisinha: condução de políticas públicas, produção de pesquisa e atuação em movimentos sociais LGBT e de aids. A partir das narrativas colhidas e de referências associadas, é apresentada uma recuperação histórica da trajetória da camisinha como prevenção de HIV/aids. A análise ressalta que a convergência dos discursos preventivos na recomendação da camisinha resvalou no tecnicismo, característico do processo de medicalização do social. O uso tecnicista da prevenção consistiu em (a) uma abordagem prescritiva, expressa na progressiva reprodução da mensagem \"use camisinha\"; (b) na descontextualização dos discursos preventivos em relação ao conteúdo sexual inerente ao uso da camisinha, contestada especialmente nas propostas de erotização desse insumo; (c) na postura impositiva de profissionais e campanhas de prevenção. Adicionalmente, a prevenção tem esbarrado nas dificuldades de abordagem do homoerotismo em função do fortalecimento de resistências moralistas e conservadoras na política brasileira. Esse cenário, que compromete os direitos de gays/HSH à saúde, é agravado por uma crise na estrutura dos programas de aids e das organizações dos movimentos sociais. Desse modo, o avanço no enfrentamento da epidemia e, mais especificamente, a redução das taxas de infecção em gays/HSH dependem da superação dessas barreiras, que tendem a se reproduzir na abordagem das novas tecnologias de prevenção em HIV/aids (AU)

Processo FAPESP: 11/50494-4 - Camisinha, homoerotismo e os discursos da prevencao de hiv/aids.
Beneficiário:Thiago Felix Pinheiro
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado