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A adolescência e a problemática da separação: do espaço familiar ao espaço social

Texto completo
Autor(es):
Elisângela Barboza Fernandes
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Psicologia (IP/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Maria Inês Assumpção Fernandes; Teresa Cristina Othenio Cordeiro Carreteiro; David Léo Levisky; Philippe Robert; Celso Takashi Yokomiso
Orientador: Maria Inês Assumpção Fernandes
Resumo

A adolescência impõe novas exigências à família, que vivencia a angústia do esmaecimento de suas fronteiras daquelas que separam o nós dos outros, mas também das fronteiras no suceder das gerações. O intenso processo de afiliação do adolescente a outros grupos ameaça os pactos e alianças que garantiram a manutenção do grupo familiar. A capacidade de continência da família é fortemente requisitada, para que ela possa dar conta de acolher as transformações vivenciadas pelo adolescente. Cabe a ele/ela rever a separação entre si mesmo e os objetos primários, entre o eu e o outro, exigência que se efetiva pelo investimento no exterior. Deve, então, encontrar um lugar nos vínculos externos à família. Esta pesquisa buscou analisar como a problemática da separação do adolescente repercute no plano dos vínculos familiares e na relação com os espaços onde vive (casa, comunidade). Surgido das inquietações da autora em seu trabalho com adolescentes em situação de precariedade social, este estudo sustenta a hipótese de que a problemática da separação desses adolescentes ganha contornos particulares, relacionados às condições de vida, mas também à descoberta de que suas famílias e seu grupo social ocupam um lugar depreciado na sociedade. Para condução da pesquisa foram realizadas oito sessões em grupo (formado por onze adolescentes, entre 15 e 17 anos), conduzidas com base na técnica de grupo operativo de Pichon-Rivière. De acordo com a concepção psicanalítica do sujeito como sujeito do vínculo, a análise foi norteada pela consideração de algumas noções fundamentais, tais como alianças inconscientes e narcisismo grupal. Os adolescentes revelaram um intenso trabalho psíquico de elaboração em torno da questão do dentro e do fora da família, simultâneo a seu movimento em direção ao exterior. As suas falas indicaram que, para a família, o exterior figurava como uma ameaça aos pactos estabelecidos, representada pela sexualidade, em especial, e pelo risco de que o adolescente se envolvesse na violência presente na comunidade. Os adolescentes, por sua vez, revelaram a expectativa de obtenção de prazer no exterior de viverem os aspectos de seu íntimo, que não cabem no interior do grupo primário e, ao mesmo tempo, o receio quanto a um novo lugar social a ocupar. O exterior surgiu, também, como espaço de diferença e de experiência de humilhação social, vivenciada pelos adolescentes como portadores das marcas do estigma ligado a seu grupo e a sua comunidade. Em um movimento inconsciente de oposição às marcas sociais de rebaixamento, os marcos identificatórios de pertencimento dos adolescentes à comunidade foram fortalecidos, destacando-se o papel desta como espaço de continência. Concluímos que os adolescentes encontravam-se no caminho entre assegurarem seu lugar na comunidade como herdeira do vínculo e da identificação com a família e se projetarem para o exterior, como expressão da tentativa de desprenderem-se do vínculo familiar e re-criarem-se (AU)

Processo FAPESP: 13/14901-0 - A adolescência e o espaço de vida; função da família
Beneficiário:Elisângela Barboza Fernandes
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado