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Epidemiologia da Chlamydia psittaci em aves de companhia associada aos casos de psitacose em humanos

Texto completo
Autor(es):
Vivian Lindmayer Ferreira
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Tânia de Freitas Raso; Silvia Neri Godoy; Eliana Reiko Matushima; Adriana Marques Joppert da Silva; Helenice de Souza Spinosa
Orientador: Tânia de Freitas Raso
Resumo

As zoonoses representam a maior parte das doenças infecciosas emergentes, as quais tem ocorrência variável de acordo com fatores biológicos, ambientais e sócio-econômico-culturais. No que tange aos fatores sócio-culturais, uma prática crescente no Brasil é a manutenção de espécies silvestres como animais de estimação. Estes podem ter significante papel na disseminação de agentes patogênicos com potencial zoonótico, tal como Chlamydia psittaci, agente etiológico da clamidiose em aves e da psitacose em seres humanos. Os Psittaciformes representam a principal Ordem de aves acometida pela C. psittaci, sendo também a mais comumente mantida como pet. A clamidiose aviária é endêmica no Brasil, contudo, são raros os estudos direcionados a avaliação do seu potencial zoonótico. Em humanos a psitacose pode desencadear um quadro severo de pneumonia atípica, no entanto, devido à dificuldade relacionada ao diagnóstico laboratorial e pelo relativo desconhecimento da doença pelos profissionais de saúde, sua prevalência no país é ainda desconhecida. Dentro desse contexto, o presente trabalho teve como objetivo determinar a ocorrência da C. psittaci em pacientes suspeitos de psitacose atendidos no Ambulatório de doenças tropicais e zoonoses do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER); estabelecer o vínculo epidemiológico com aves realizando o diagnóstico nestas, assim como avaliar os fatores de risco relacionados com essa zoonose. Para tanto, amostras de sangue de pacientes com quadros suspeitos de psitacose foram coletadas para a investigação de anticorpos anti-C. psittaci IgA, IgM e IgG. Paralelamente, amostras biológicas de quaisquer espécies de aves relacionadas com os casos suspeitos de psitacose foram coletadas para a pesquisa molecular de C. psittaci. Entre os pacientes elegíveis deste estudo, 27% (10/37) foram classificados como casos confirmados de psitacose; 13,5% (5/37) como prováveis e 59,5% (22/37) como descartados. Pneumonia (p = 0.004), tosse (p = 0.002) e calafrio (p = 0.011) foram estatisticamente significantes quando comparado com os pacientes nos quais a psitacose foi descartada. Quanto ao vínculo epidemiológico com aves, 73% (11/15) dos casos prováveis e confirmados de psitacose relataram exposição domiciliar com aves e em 27% (4/15) a exposição foi ocupacional. Adicionalmente, 47% (7/15) dos pacientes tiveram contato com aves nas quais a infecção por C. psittaci foi comprovada laboratorialmente. Em 47% (7/15) dos casos não foi possível obter material biológico das aves relacionadas com os casos e em 6% (1/15) dos casos C. psittaci não foi detectada nas aves avaliadas. Ainda, os casos prováveis e confirmados de psitacose relataram manter contato próximo com suas aves, como pega-lás na mão (100%, 15/15), mantê-las no ombro (67%, 10/15), beijá-las (40%, 6/15) e dividir alimento com elas (13%, 2/15). Ressalta-se que essas práticas facilitam a transmissão do patógeno. Profissionais da saúde tanto humana quanto animal têm um papel importante a desempenhar na identificação de fatores que afetam a saúde de seus pacientes e devem, portanto, trabalhar juntos. Esforços mútuos contribuiriam no conhecimento de doenças com potencial zoonótico e certamente contribuiriam para medidas mais eficazes de prevenção e controle (AU)

Processo FAPESP: 12/25067-8 - Epidemiologia da Chlamydophila psittaci em aves de companhia associada aos casos de psitacose em humanos
Beneficiário:Vivian Lindmayer Ferreira
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado