Busca avançada
Ano de início
Entree


Por uma teoria social cosmopolita: modernização, mundialização/globalização e entendimento intercultural

Texto completo
Autor(es):
Estevão Bosco
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Leila da Costa Ferreira; Renato Ortiz; Josué Pereira da Silva; Frederic Vandenberghe; Sergio Barreira de Faria Tavolaro
Orientador: Leila da Costa Ferreira
Resumo

O domínio de objeto deste estudo circunscreve a vinculação interna entre cosmopolitismo e modernização recentemente estabelecida na teoria social, com ênfase na esfera da cultura. Essa vinculação é operada com o propósito de compreender as transformações impulsionadas por uma modernização que mundializa e globaliza. A estratégia metodológica utilizada é a reconstrução. O estudo apresenta duas teses, uma descritiva, outra teórica. A tese descritiva sustenta que a resignificação da ideia de cosmopolitismo dá forma a três dimensões de sentido ¿ como diagnóstico de época, como fundação teórica e metodológica experimental e como projeto político. A tese teórica parte da identificação de insuficiências em teorias estabelecidas da modernização para endereçar a mundialização/globalização, i.e o cosmopolitismo atual. Nomeadamente, insuficiências nos programas de Jürgen Habermas e Ulrich Beck. Essas insuficiências se devem, assim é defendido, à pressuposição metateórica de dedução do todo (modernização) pelo efeito (racionalização) que o mesmo introduz na parte (sociedade). A concepção tradicional de modernização como racionalização social está ancorada nessa pressuposição metateórica. Em vista disso, enfatizam-se algumas alternativas a tais insuficiências elaboradas pela versão pós/descolonial de cosmopolitismo ¿ apesar de a perspectiva teórica destes estudos diferir da adotada no presente estudo. Para compreender uma modernização que mundializa e globaliza, argumenta-se ser necessário partir da pressuposição metateórica da relação entre as partes (entre as sociedades). Delineia-se, então, um programa reconstrutivo de pesquisa. Esse programa parte de estudos aplicados sobre o cosmopolitismo atual, iluminando aspectos-chave da mundialização como experiência. Em seguida, introduz-se uma interpretação da experiência da mundialização como experiência hermenêutica, mediante um diálogo estreito com a hermenêutica filosófica de Hans-Georg Gadamer. Assim concebida, a experiência da mundialização invoca um conceito indiciário de entendimento intercultural. Esse conceito é definido por duas esferas estruturantes internamente vinculadas, uma hermenêutica, outra teórico-sociológica. No plano hermenêutico, distinguem-se três aspectos constitutivos da linguagem: o caráter semanticamente flutuante da palavra, a natureza intersubjetivamente vinculante do uso da linguagem e a analogia como mediação da imbricação entre pensamento e linguagem. No plano teórico-sociológico, voltamo-nos para a relação problemática entre cultura e episteme no contexto da pretensão de verdade e para tipos de aprendizagem mediatizados pelo entendimento intercultural. Disso, é vislumbrada uma concepção de modernização dotada de duas dimensões: por um lado, temos a pressuposição metateórica de dedução do todo pela parte, o entendimento mútuo concebido comunicativamente, a evolução social e a modernização como racionalização social; por outro, temos a pressuposição metateórica de dedução do todo pela relação entre as partes, o entendimento intercultural concebido hermeneuticamente, a coevolução cultural e a modernização como mundialização/globalização. Sugere-se então, no plano metodológico, a orientação do diagnóstico de época para fenômenos que iluminam o entrelaçamento histórico das culturas ¿ e, num sentido amplo, das sociedades ¿ e a orientação para uma prática de pesquisa cooperativa. No plano político-normativo, por fim, sugere-se que um diagnóstico como esse pode ser tido como ponto de partida para a crítica normativa e a construção de uma ordem mundial cosmopolita, ordem esta voltada para o respeito aos direitos humanos. Neste último plano, distinguem-se três ordens de orientação, uma primeira dialógico-normativa, uma segunda jurídica e uma terceira política (AU)

Processo FAPESP: 11/01733-6 - Percursos do cosmopolitismo
Beneficiário:Estevão Mota Gomes Ribas Bosco
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado