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Niilismo, fanatismo e terror: uma leitura do fundamentalismo a partir de Friedrich Nietzsche

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Autor(es):
João Paulo Simões Vilas Bôas
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Oswaldo Giacoia Junior; Roberto Romano; Jorge Luiz Viesenteiner; Antonio Edmilson Paschoal; Jose Nicolao Julião
Orientador: Oswaldo Giacoia Junior
Resumo

A violência sectária e os discursos fanáticos de intolerância e de ódio propalados por fundamentalistas de variadas religiões representam graves dilemas para as modernas democracias em todo o mundo. Ao insistirem na defesa obstinada de suas verdades contra princípios e instituições seculares, os fundamentalismos não poupam esforços para impingirem suas práticas e valores particulares ao resto do mundo. Além disso, a recusa de tais grupos em se abrirem para o diálogo e para a negociação pacífica com os não-fundamentalistas deixa poucas opções para o enfrentamento deste problema, sendo que o emprego da violência vem historicamente se mostrando como uma alternativa catastrófica, pois, ao contrário de eliminar ou atenuar a fúria destruidora dos fundamentalistas, a agressividade acaba alimentando a disposição para o martírio entre esses fanáticos, o que intensifica ainda mais o problema. Entretanto, na medida em que reconhecem que o fim da modernidade trouxe o abandono dos valores e das verdades religiosas tradicionais de outrora, os discursos fundamentalistas parecem dialogar diretamente com as reflexões filosóficas de Friedrich Nietzsche, em particular no que tange ao diagnóstico formulado pelo filósofo acerca de um fenômeno global de desvalorização dos cânones tradicionais de verdade e de valor ambos os quais foram herdados do pensamento socrático-platônico-cristão. Agrupadas em torno do termo niilismo, tais reflexões se constituem num tópico de importância basilar na obra deste filósofo alemão, fazendo-se presentes em seus escritos desde cerca de 1880 até seus últimos trabalhos. Para além de simplesmente constatar a existência de um fenômeno que já se fazia visível desde meados da segunda metade do século XIX, Nietzsche também reflete sobre as consequências fisiopsicológicas da derrocada deste conjunto de princípios éticos, políticos, metafísicos e epistemológicos que até então representava a principal fonte de apoio, de certeza e de segurança para a civilização ocidental. A insegurança, o temor e a desorientação ante o niilismo seriam, no entender do filósofo, o resultado de uma profunda perturbação psíquica e pulsional perante o esfacelamento dos alicerces que antes garantiam a verdade e a segurança para o mundo, a qual, por sua vez, decorreria diretamente do fato de que a maior parte da humanidade veio sendo deliberadamente educada para vincular o sentido da existência a algo situado fora da própria vida. À luz de tais reflexões, esta pesquisa tem por objetivo desenvolver uma hipótese interpretativa que parte da perspectiva inaugurada pelas reflexões de Friedrich Nietzsche sobre o niilismo com vistas a esclarecer como e se seria possível compreender a emergência de diferentes modalidades de fundamentalismos religiosos ao longo do século XX como formas de reação contra o aprofundamento da crise de valores pela qual passa o Ocidente (AU)

Processo FAPESP: 12/04262-7 - Niilismo, fanatismo e terror: uma leitura do fundamentalismo e do terrorismo a partir de Friedrich Nietzsche.
Beneficiário:João Paulo Simões Vilas Bôas
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado