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Análise lipidômica do conteúdo vaginal de mulheres com candidíase vulvovaginal e vaginose citolítica

Texto completo
Autor(es):
José Marcos Sanches Júnior
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências Médicas
Data de defesa:
Membros da banca:
Paulo César Giraldo; Cristina Laguna Benetti Pinto; Iara Moreno Linhares
Orientador: Paulo César Giraldo
Resumo

Introdução: A candidíase Vulvovaginal (CVV) e a vaginose citolítica (CV) são condições ginecológicas que frequentemente incluem prurido vaginal, queimação, descarga anormal, disúria e dispareunia. Embora os sintomas sejam semelhantes, o microambiente vaginal e a resposta inflamatória local são completamente diferentes, fato que implica em tratamentos diferentes. Os fatores desencadeadores e a fisiopatogenia de ambas as doenças não são claros. Os avanços nas técnicas de espectrometria de massa e bioinformática colaboram para o melhor entendimento dos processos de saúde e doença, tendo a lipidômica como ótima ferramenta para caracterizar potenciais biomarcadores para muitas doenças. Objetivo: Caracterizar os lipídios presentes no conteúdo vaginal de mulheres com CVV e VC, e relaciona-los com as doenças. Materiais e métodos: Estudo de corte transversal analisou o conteúdo vaginal de 24 mulheres não grávidas, de idade entre 18 e 44 anos, atendidas no Ambulatório de Infecções Genitais-CAISM-UNICAMP, sendo 8 com CVV, 8 com VC (com queixa de corrimento vaginal e prurido/queimação) e outras 8 mulheres sem vulvovaginites ou disbioses vaginais. Todas as mulheres assinaram o termo de concentimento livre e esclarecido, passaram por anamnese detalhada e a exame especular, quando foi colhido material vaginal para estudos citológico, microbiológico e lipidômico. As amostras da parede vaginal lateral foram coletadas com swab esteril de Dacron e dispostas em lâminas de vidro para coloração de Gram, em meio de cultura de Sabouraud para pesquisa de fungos e armazenadas em tubos Falcon secos a -80o Celsius para o estudo lipidômico por meio de espectrometria de massas (EM). O diagnóstico de Candidíase vaginal foi feito considerando a presença no conteúdo vaginal de hifas ou blastoconídeos nos esfregaços corados pelo Gram e pela positividade da cultura específica. A vaginose citolítica foi caracterizada pela ausência dos elementos micóticos e de processo inflamatório (leucócitos), presença de lise de células epiteliais no esfregaço vaginal. As amostras para avaliação do lipidoma foram ressuspensas em água desionizada seguido da adição de clorofórmio e metanol, agitadas e centrifugadas e sonicadas para lise do material e a seguir, secas no SpeedVac. A separação cromatográfica foi realizada em um sistema automatizado de cromatografia líquida de ultra-alta eficiência Agilent1290-Infinity e acrescida de coluna C-18. Os dados foram obtidos no modo positivo e negativo, pelo software MassHunter Qualitative (Agilent). Todos os metabolitos foram avaliados por erro de massa (? 5 ppm), padrão isotópico, padrões de fragmentação e tempo de retenção plausível, caracterizados a partir das descrições dos compostos pelo The Human Metabolome Database, XCMS e Lipid Maps. Foram aplicadas técnicas de análise de dados multivariados para processar os dados encontrados. A segregação entre grupos foi analisada pela PCA (análise dos componentes principais) e PLS-DA (análise discriminate de mínimos quadrados parciais). Resultados: A análise PCA mostrou uma separação importante que caracterizou a diferença metabólica entre os três grupos, apontando um total de 38 lipídios pela análise de PLS-DA. Os principais potenciais biomarcadores que se relacionam com a fisiopatologia da CVV foram: 15-metil-15S-Prostaglandina D2, O-Adipoilcarnitina, fosfoserina, ácido undecanóico e formil dodecanoato. Na VC encontrou-se 1-(11Z-docosenoil)-glicero-3-fosfato e ácido 5-aminopentanóico, o ácido fosfatídico 1-oleoílo-cíclico e o ácido palmitólico como biomarcadores. No grupo controle os principais lipídios encontrados foram ácido eicosadienóico, 1-estearoil-cíclico-fosfato, ácido mirístico, 7Z, 10Z-hexadecadienóico, e ácidos glicerolfosfatos. Conclusão: Mulheres com CVV e VC apresentam queixas clínicas semelhantes (prurido, ardor e corrimento vaginal), porém a composição lipídica é diferente para estas condições, sendo também diferente em mulheres sem queixas vaginais. Os potenciais biomarcadores lipídicos podem elucidar mecanismos fisiopatológios da CVV e VC ainda não descritos, tais como fatores que levam adesão de moléculas ao epitélio vaginal, lise celular, crescimento lactobacilar, estresse oxidativo e apoptose, colaborando para o melhor entendimento destas condições (AU)

Processo FAPESP: 16/18850-9 - Análise lipidômica do conteúdo vaginal de mulheres com candidíase e vaginose citolítica
Beneficiário:José Marcos Sanches Junior
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado