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A aplicação da Geoquí­mica e Micromorfologia na detecção de solos antrópicos em assentamentos ceramistas Uru na bacia do Rio Araguaia, Goiás, Brasil

Texto completo
Autor(es):
Jordana Batista Barbosa
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE)
Data de defesa:
Membros da banca:
Marisa Coutinho Afonso; Paulo Cesar Fonseca Giannini; Sibeli Aparecida Viana
Orientador: Marisa Coutinho Afonso; Julio Cezar Rubin de Rubin
Resumo

Os solos antrópicos possuem uma atuação determinante em alguns processos, principalmente pelas práticas humanas cotidianas e pela forma de ocupar o espaço e se assentar, que deixam marcas no solo, como estruturas habitacionais, fogueiras, resíduos orgânicos e minerais. Tudo que nos rodeia envolve transformações físicas e químicas, de modo que o entendimento desses fenômenos é essencial para o desenvolvimento humano sob todos os aspectos. Relatos de viajantes e fontes etno-históricas dos séculos XVIII e XIX indicam vários aldeamentos indígenas às margens do rio Araguaia e seus afluentes. Pesquisas arqueológicas desenvolvidas registraram aldeias de agricultores cujos materiais cerâmicos destacam-se por estar predominantemente em superfície junto à presença de solos enegrecidos. À vista disso, foram realizadas pesquisas nos sítios arqueológicos Cangas I e Lago Rico (Goiás) utilizando as técnicas da geoquímica, arqueometria e micromorfologia de solos, com o objetivo de identificar os solos antrópicos em assentamentos pré-coloniais ceramistas. O ambiente é uma variável extremamente importante quando se trata de fenômenos químicos. Entender como estes elementos se comportam em ambientes de Cerrado é extremamente importante quando se analisam as formas de assentamentos pré-coloniais e os deslocamentos territoriais dos grupos humanos. O uso da micromorfologia de solos, pioneiro nesta pesquisa para o bioma Cerrado, se tornou indispensável para a interpretação das leituras químicas, respondendo a questões como tempo de ocupação e atividades desenvolvidas nos assentamentos, o que possibilitou novas discussões sobre as formas e funções dos assentamentos ceramistas Uru na Bacia do rio Araguaia. Os resultados obtidos a partir do uso destas técnicas analíticas comprovam que o sítio Cangas I se trata do assentamento mais antigo com características de ocupação fixa, sendo identificado pelos depósitos antrópicos, como presença de fragmentos ósseos e estruturas de fogueira, enquanto o sítio Lago Rico estaria sendo ocupado ao mesmo tempo como um acampamento de mobilidade sazonal. Em relação à morfologia dos assentamentos, o sítio Cangas I se assemelha aos sítios filiados à fase Aruanã, que possui forma linear, enquanto o sítio Lago Rico apresenta duas áreas de concentração circular, que se assemelham às fases Itapirapuã, Uru e Jaupaci. Os dados etnográficos sugerem que estes assentamentos estavam sendo ocupados por grupos indígenas Karajá, Bororo e Kayapó. Assim, a diversidade dos padrões arqueológicos encontrados nesse período, considerado o mais recente dos 9 assentamentos de agricultores, sugere fluxos de migração com rotas, velocidades e comportamentos variados. Percebe-se também um processo de diversificação constante das estratégias adaptativas, no que diz respeito à transformação abrupta da paisagem ao longo das duas estações que se tem para áreas de Cerrado, o que está intimamente relacionado à disponibilidade dos nutrientes no solo, assim como às possíveis áreas de ocupação ou atividades específicas. (AU)

Processo FAPESP: 16/22192-7 - O que as marcas podem nos contar sobre os vestígios? ocupações arqueológicas no interflúvio do Rio Araguaia e Rio do Peixe, Goiás
Beneficiário:Jordana Batista Barbosa
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado