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Unificar para conquistar ou conquistar para unificar? : reorganização do poder faraônico e elites militares (1550-1425 a.C.)

Texto completo
Autor(es):
Rafael dos Santos Pires
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Marcelo Aparecido Rede; Maria Thereza David João; Fábio Afonso Frizzo de Moraes Lima; Andrea Paula Zingarelli
Orientador: Marcelo Aparecido Rede
Resumo

Nesta dissertação, nós nos voltamos aos processos de unificação e conquista que se desenvolveram no Egito do Reino Novo inicial (c. 1550-1425 a.C.). Apesar de ambos os temas terem sido alvos constantes de pesquisas, nossa proposta busca oferecer uma interpretação mais nuançada sobre o Estado egípcio, principalmente sobre a Coroa, e sua capacidade de controle do território. Para tanto, optamos pela análise conjunta de inscrições em monumentos reais e privados, nomeadamente aqueles que se encontram em contextos classificados como religiosos e funerários e que apresentam alguns títulos e conexões dos indivíduos retratados. Através da análise crítica do discurso foi possível perceber como esses monumentos imbuem em si também elementos tidos por nós como políticos, econômicos, diplomáticos, militares etc., o que acaba por questionar as dicotomias transferidas por nós ao mundo antigo: público e privado, religiosos e político, verdade e mito. Dentro de nosso corpus documental principal (objetos e fontes que pertenciam ou mencionam oficiais e reis do Reino Novo inicial) observamos que outro elemento bastante presente é o de caráter militar. Contudo, ele não aparece somente em nosso entendimento tradicional, isto é, em representantes de forças armadas comentando sobre guerras, vitórias e dominações. O caráter militar se encontra no próprio processo de legitimação do rei, nas construções dos discursos religiosos e mesmo em elementos da administração civil, abrindo caminho para a abrangência do que chamamos ao longo do trabalho de elites militares. Dentro desta perspectiva, vemos o militar como um importante aspecto na construção do Estado unificado e na expansão do Egito, responsável por fazer com que os mecanismos relacionados à dominação, economia e diplomacia funcionem de modo mais favorável ao Egito. Para analisar essas esferas e suas conexões com o militar, optamos por fazer uso da Antropologia Política, da História Política e de teorias de economia simbólica e distributiva a fim de compreender como os fenômenos relacionais entre Estado e comunidades locais, entre o Egito e demais áreas e entre as próprias elites (incluindo aqui a Coroa faraônica) funcionavam em um processo de mão dupla. A partir desses elementos também foi possível concluir que a Coroa egípcia atuava como um símbolo unificador do território egípcio e não como exemplo do que seria uma monarquia despótica asiática. Além disso, foi possível que o processo de unificação faz parte do processo de conquista, deixando de lado uma visão teleológica do Egito como um Estado unificado e o observando como o resultado da conquista do Baixo Egito pelo Alto Egito. A partir da análise das relações de poder entre os diversos setores que passam a compor a realidade egípcia no contexto do Reino Novo inicial, acreditamos que o poder se torna cada vez mais pulverizado. (AU)

Processo FAPESP: 18/03682-9 - Unificar para conquistar ou conquistar para unificar? Reorganização do poder faraônico e elites militares (1550-1425 a.C.)
Beneficiário:Rafael dos Santos Pires
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado