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Combinando a modelagem de distribuição de espécies e percepções ambientais para fundamentar estratégias sustentáveis de plantio e conservação da Castanha-da-Amazônia (Bertholletia excelsa Bonpl.)

Texto completo
Autor(es):
Daiana Carolina Monteiro Tourne
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Piracicaba.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALA/BC)
Data de defesa:
Membros da banca:
Maria Victoria Ramos Ballester; Célia Regina Tomiko Futemma; Maria Elisa de Paula Eduardo Garavello; Juliana de Oliveira Vicentini; Daniel de Castro Victoria; Lúcia Helena de Oliveira Wadt
Orientador: Maria Victoria Ramos Ballester
Resumo

Os ecossistemas amazônicos vêm sendo impactados ao longo dos anos por diversos processos de uso e ocupação do território, os quais têm resultado em perdas de habitats e na fragmentação da paisagem nativa. Essas perturbações antrópicas, associadas às mudanças climáticas, têm consequências diretas sobre a distribuição e persistência das espécies in situ. Das 14.003 plantas da Amazônia reconhecidas taxonomicamente, somente 76 estão atualmente listadas pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro como espécies ameaçadas, embora acredita-se que esse número seja muito maior. Entre elas, a Castanha-da-Amazônia (Bertholletia excelsa), uma espécie de árvore nativa, reconhecida nacional e internacionalmente pela sua importância cultural, socioeconômica e nutricional, encontra-se classificada como vulnerável. Para nortear políticas públicas na conservação e no plantio dessa espécie, um profundo entendimento sobre o habitat disponível para ela, bem como a origem e escala das ameaças à esse ambiente, é necessário. A modelagem de distribuição de espécies é uma ferramenta que oferece predições espaciais robustas sobre a adequabilidade de habitat e tolerância das espécies, mas tem sido pouco utilizada no Brasil, sobretudo para espécies Amazônicas. Nesse contexto, esse estudo objetivou modelar a distribuição potencial da B. excelsa no bioma Amazônia, bem como conhecer os fatores que controlam sua distribuição. Para aprofundar essas análises, estudos de caso foram realizados com o objetivo de conhecer a percepção de atores sociais envolvidos com a espécie sobre as principais ameaças e potenciais soluções. Essa tese baseou-se em duas hipóteses: (i) existem áreas com maior adequabilidade para a ocorrência da Castanha-da-Amazônia que demandam diferentes objetivos, para conservação e para o plantio; (ii) se a população local é conciente da vulnerabilidade da espécie, ela pode indicar os fatores que geram essa condição. No capítulo 1, o habitat foi investigado por meio de simulações usando o algoritmo MAXENT. Um total de 3.325 ocorrências e 102 variáveis ambientais foram obtidas, e posteriormente organizadas por categorias climática, edáfica e geofísica. A resolução espacial escolhida foi de 30 arc-segundo (~1km). A multi-colinearidade entre as variáveis foi reduzida por meio da estatística multivariada associada ao conhecimento de especialistas, e as tendências nas ocorrência foram tratadas através da filtragem espacial. O melhor modelo foi selecionado usando métricas quantitativas e examinações visuais. As variáveis biofísicas mais importantes encontradas foram altitude (m), solos com fragmentos grosseiros (<2mm) e argila (%). Por fim, o modelo indicou que 2.3 million km2 i.e., 32% da região amazônica é apropriado para B. excelsa crescer. No capítulo 2, os fatores que afetam a conservação e o plantio da espécie foram discutidos com comunidades, gestores e pesquisadores locais, totalizando 203 participantes. As técnicas de discussão em grupo focal, entrevistas individuais e questionários foram utilizadas para a coleta das informações. Os dados foram categorizados e as opiniões entre os diferentes grupos comparadas utilizando análises quali-quantitativas. Concluiu-se que atualmente existem 36 problemas responsáveis pela vulnerabilidade da espécie, dos quais 72% encontram-se no contexto ambiental e político. O desmatamento foi a principal forçante apontada, seguida pela desvalorização do fruto, falhas na fiscalização e falta de organização nas comunidades. Para os três grupos, as principais soluções foram voltadas para o contexto político. Os resultados obtidos nesse estudo contribuiem para aumentar o conhecimento ecológico da espécie, para demostrar a complexidade do uso sustentável na Amazônia, e orientar tomadores de decisão na seleção de áreas prioritárias para conservação e potenciais para o plantio. (AU)

Processo FAPESP: 15/04749-1 - Modelagem de distribuição atual e futura da Castanha-da-Amazônia (Bertholletia excelsa Bonpl.) para subsidiar estratégias sustentáveis de plantios e conservação
Beneficiário:Daiana Carolina Monteiro Tourne
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado