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A escuta como ato de composição

Texto completo
Autor(es):
Gustavo Branco Germano
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Escola de Comunicações e Artes (ECA/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Fernando Henrique de Oliveira Iazzetta; Alexandre Sperandéo Fenerich; Henrique de Souza Lima
Orientador: Fernando Henrique de Oliveira Iazzetta
Resumo

Esta dissertação procura entender determinadas práticas de escuta como atos de composição. Reconhecemos essa forma de atuação da escuta em trabalhos de música experimental e arte sonora, propondo um recorte voltado para o que chamaremos de não-ficcional. Para a delimitação desse objeto de pesquisa, propomos uma reflexão sobre a forma como concepções ambíguas de real, realismo e verdade permeiam ou tangenciam diversos discursos ligados à fonografia, à música, e aos estudos do som. Dentro desse recorte, buscamos entender de que formas a escuta se consolida como uma ação essencialmente criativa, capaz de reorganizar e atribuir diferentes significados aos sons que a rodeiam. Iniciamos nosso trabalho com uma investigação sobre a diversidade de modos pelos quais a escuta pode atuar, fazendo uma revisão bibliográfica de diferentes tipologias de escuta e trazendo exemplos de composições musicais nas quais um papel criativo é atribuído a ela. Em seguida, examinamos o uso da fonografia como forma de representação de sons cotidianos em trabalhos de música eletroacústica, gravação de campo e arte sonora, traçando paralelos com teorias ligadas à fotografia e ao documentário cinematográfico. Por fim, fazemos uma análise de três trabalhos artísticos recentes que empregam gravações de campo como elemento central - Heard Laboratories (Ernst Karel, 2010), Mar Paradoxo (Raquel Stolf, 2016) e Green Ways (Áine O\'Dwyer e Graham Lambkin, 2018) -, e duas composições da década de 1990 que utilizam a partitura como forma de direcionar a escuta de seus ouvintes para determinados aspectos dos sons que os rodeiam - Space (Michael Pisaro, 1994) e Purposeful Listening in Complex States of Time (David Dunn, 1997-1998). Com esse percurso, pretendemos mostrar que o papel desempenhado pela escuta, tanto nessas quanto em outras práticas associadas ao não-ficcional, muitas vezes pode ser interpretado como uma ação de composição. Assim, esperamos contribuir com a crescente onda de estudos dedicados à compreensão da atividade da escuta em diferentes contextos. (AU)

Processo FAPESP: 18/05388-0 - A escuta como ato de composição
Beneficiário:Gustavo Branco Germano
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado