Busca avançada
Ano de início
Entree


Funções da pontuação em construções relativas no português clássico: usos e normas

Texto completo
Autor(es):
Aline de Azevedo Rodrigues
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São José do Rio Preto. 2020-10-22.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas. São José do Rio Preto
Data de defesa:
Orientador: Sanderléia Roberta Longhin
Resumo

Neste trabalho, investigamos os usos de vírgula em construções relativas no século XVIII, a fim de verificar quais funções do sinal estariam em competição e teriam sido decisivas para a configuração multidimensional do sistema de pontuação contemporâneo. Para tanto, contemplamos dois universos de investigação: a variação de usos de vírgula em manuscritos setecentistas e as normas de uso de vírgula em gramáticas e tratados de ortografia do período. Na análise dos manuscritos, partindo-se da hipótese de que os usos não eram aleatórios e de que, portanto, havia uma regularidade subjacente à variação, averiguamos quais características morfossintáticas, semântico-pragmáticas e prosódicas das construções relativas poderiam estar relacionadas com a presença ou a ausência da vírgula e se haveria prevalência de alguma função. Os resultados mostraram que, na escrita do século XVIII, o modo de pontuar parece responder ao funcionamento multidimensional das unidades linguísticas, uma vez que o emprego do sinal delimita, majoritariamente, unidades funcional e estruturalmente autônomas dos pontos de vista semântico, sintático, pragmático e prosódico, evidenciando que informações de diferentes níveis de análise parecem guiar os escreventes a pontuarem de uma forma em detrimento de outra. Na análise da tradição gramatical, partindo-se da hipótese de que a prescrição de uso de vírgula foi gradualmente ganhando novas bases, pautadas no funcionamento linguístico, interpretamos as doutrinas pontuacionais e as funções da vírgula a elas subjacentes, bem como comparamos as normas de uso de vírgula em construções relativas a fim de verificar se a norma padrão dava conta da distinção entre relativas determinativas e apositivas. Como resultado, evidenciamos que as regras de pontuação portuguesas vigentes ao século XVIII não davam conta da distinção entre os dois tipos de relativas, a qual parece ter sido incorporada à tradição gramatical apenas no início do século XIX, possivelmente por influência das obras francesas e da tradição filosófica. Ademais, mostramos que a mudança na prescrição de uso ou não de vírgula nas orações relativas parece ter ocorrido de forma gradual, o que se justifica, em parte, pelos descompassos e incoerências entre uso e norma encontrados nessas obras e, em parte, pela flutuação nas próprias regras e entre as gramáticas, haja vista a complexidade do objeto, evidenciada pela sua constituição multifuncional historicamente determinada. (AU)

Processo FAPESP: 18/01503-0 - Funções da pontuação em construções relativas no Português Clássico: usos e normas
Beneficiário:Aline de Azevedo Rodrigues
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado