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Avaliação in vitro e in vivo do potencial antimalárico da Epirrubicina

Texto completo
Autor(es):
Letícia Tiburcio Ferreira
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
Fabio Trindade Maranhão Costa; Danilo Ciccone Miguel; Anna Caroline Campos Aguiar
Orientador: Fabio Trindade Maranhão Costa
Resumo

Causada por protozoários do gênero "Plasmodium", a malária é uma das principais parasitoses da história, alcançando mais de 200 milhões de novos casos por ano. Apesar de avanços globais significativos no controle da doença, a presença de cepas de parasitos menos suscetíveis aos medicamentos disponíveis é recorrentemente observada para diferentes espécies de "Plasmodium". Frente aos desafios encontrados pela indústria farmacêutica de desenvolvimento de novos fármacos, o reposicionamento de fármacos aparece como uma nova estratégia com riscos reduzidos para a busca por antimaláricos. Estratégias quimiogenômicas in silico conduzidas previamente identificaram, com base na semelhança de alvos e ligantes, a Epirrubicina como potencial candidato ao reposicionamento como fármaco antimalárico. A Epirrubicina, originalmente desenvolvida para tratamento do câncer, é uma antraciclina aprovada pela FDA. O presente projeto buscou validar a ação antimalárica da Epirrubicina. A validação experimental iniciou-se com ensaios fluorimétricos in vitro (SybrGreen) utilizando cepas de "P. falciparum" sensíveis à cloroquina (3D7) e multi-resistente (W2 e Dd2). A Epirrubicina apresentou atividade antiplasmodial "in vitro" em escala nanomolar (EC50 = 110,7, 68,9 e 99,5 nM respectivamente). Ensaios de viabilildade celular em linhagens de células mamíferas (redução de MTT) mostraram que o composto apresenta baixa toxicidade (linhagens COS-7 e CHO, CC50 = 5,48 e 4,45µM respectivamente), com índices de seletividade de 49,4 e 40,1. Ensaios de maturação de esquizontes identificou o potencial da Epirrubicina de inibir isolados de "P. vivax" com tanta potência quanto a cloroquina. Foi também avaliada a capacidade do fármaco de bloquear a transmissão do parasito utilizando uma linhagem de P. berghei modificada (expressão de luciferase sob promotor específico de oocineto). A Epirrubicina inibiu cerca de 80% da formação de oocinetos a 1 µM (EC50 = 0,39 µM). Ainda, ensaios de alimentação de mosquitos em sangue de pacientes infectados por P. vivax por meio de membrana mimetizando a pele corroboraram o potencial de bloqueio de transmissão demonstrando que mosquitos A. aquasalis apresentaram significativamente menos oocitos em seu intestino médio pós-repasto sanguíneo em amostras tratadas com Epirrubicina. Ainda, a atividade esquizonticida do composto foi avaliada "in vivo" em camundongos C57BL/6JUnib infectados com "P. yoelii" 17XNL, tratados com 6 mg/kg de Epirrubicina por 4 dias. Este regime inibiu aproximadamente 90% da parasitemia até o último dia de tratamento, mantendo a inibição acima de 60% até o sexto dia pós-infecção. Finalmente, utilizando ferramentas de biologia sintética, particularmente uma triagem em biblioteca de leveduras mutantes heterozigotas, foram levantados outros possíveis alvos e vias moleculares afetados pela Epirrubicina além do inicialmente predito, uma girase do apicoplasto. Assim, os resultados não apenas mostram que a Epirrubicina apresenta relevante atividade antiplasmodial contra diferentes cepas do parasito – incluindo resistentes, mas também validam a estratégia de reposicionamento como uma opção adequada e consistente para a descoberta de fármacos (AU)

Processo FAPESP: 17/02031-1 - Avaliação do potencial antimalárico da Epirrubicina (4'-epidoxorrubicina)
Beneficiário:Letícia Tiburcio Ferreira
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado