Investigação dos perfis proteômico e microbiológico e da suscetibilidade antimicrobiana de bactérias específicas em infecções endodônticas

Autor(es)

Priscila Amanda Francisco

• Tipo de documento: Tese de Doutorado
• Imprenta: Piracicaba, SP.
• Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Odontologia de Piracicaba
• Data de defesa: 2021-05-20

Membros da banca

Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes; Marcos Sergio Endo; Daniel Rodrigo Herrera; Caio Cezar Randi Ferraz; José Flávio Affonso de Almeida

• Orientador: Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes

Resumo

O papel microbiano na infecção intracanal, pode ser inferido pela liberação de substâncias detectadas por análises metaproteômicas. Além disso, as proteínas humanas da resposta imunológica podem igualmente ser rastreadas. Considerando os efeitos negativos e às vezes fatais das ações patológicas da microbiota intracanal, pode ser necessária em casos restritos a prescrição suplementar antibiótica no tratamento das infecções endodônticas. Assim, os objetivos deste estudo foram: 1- caracterizar por espectrometria de massas o proteoma de 60 canais radiculares de dentes com diferentes situações endodônticas, como: a) polpa vital (PV); b) infecção primária (IP) e c) infecção secundária/persistente (IS); 2- investigar a susceptibilidade antimicrobiana de E. faecalis e S. mutans obtidos de canais radiculares afetados por IS. Foram selecionados 20 pacientes com PV e saúde periapical, 20 pacientes com periodontite apical e IP e 20 pacientes com periodontite apical e IS. Amostras do conteúdo do canal radicular foram coletadas e processadas por LC-ESI-MS/MS. Os espectros gerados foram pesquisados em bancos de dados de proteínas humanas e microbianas (Swiss PROT e TREMBL) através do software Proteome Discoverer 1.3, algoritmo SEQUEST e ferramentas UniProtKB. Cepas de E. faecalis e S. mutans foram recuperadas durante 20 casos de retratamentos endodônticos por meio de técnicas de cultura e confirmadas por sequenciamento do gene 16S do rRNA. Esses isolados tiveram sua susceptibilidade antimicrobiana testada por meio do sistema E-test. Diversos agentes microbianos foram testados. As leituras dos pontos de corte da concentração inibitória mínima (MIC) foram feitas no ponto de intersecção entre o halo de inibição em forma de elipse e a fita do E-test. A suscetibilidade ou resistência foi determinada de acordo com guias de interpretação. As MICs dos antibióticos que inibiram 50% e 90% das cepas foram calculadas e expressas como MIC50 e MIC90, respectivamente. Por meio de LC-ESI-MS / MS, 2950; 3871 e 2548 diferentes números de acessos humanos e 3425; 5609 e 3544 microbianos, foram revelados a partir de amostras de canais radiculares da PV; IP com lesão periapical; e IS com lesão periapical, respectivamente. Proteínas membros das vias de inflamação e regulação óssea como: MAPK, NF-kappa-B, MCSF-1 e RANKL, foram encontradas em todas as situações endodônticas, enquanto proteína quinase dependente de cálcio/calmodulina tipo 1D, membro 11 da superfamília do ligante do fator de necrose tumoral o membro 11A da superfamília do fator de necrose tumoral foram encontrados apenas em casos de infecção. Várias proteínas microbianas estiveram presentes em todas as situações endodônticas, principalmente referindo-se à adesão celular, que variou entre simbiose ou formas parasitárias. Formação de biofilme, liberação de toxina e moléculas de invasão celular também foram encontradas. Quanto a susceptibilidade microbiana, 37 cepas de E. faecalis e 7 de S. mutans foram isoladas. Todos E. faecalis foram sensíveis à amoxicilina, amoxicilina + clavulanato, moxifloxacina e vancomicina. Taxas mais altas (75 - 84%) de eficácia antimicrobiana também foram encontradas para ciprofloxacina, cloranfenicol e doxiciclina. Azitromicina (45,9%) e eritromicina (56,8%) apresentaram taxas intermediárias de suscetibilidade, enquanto 21,6%, 24,3% e 24,3% das cepas de E. faecalis expressaram resistência à doxiciclina, rifampicina e tetraciclina, respectivamente. Três agentes antimicrobianos foram totalmente eficazes contra S. mutans, amoxicilina, amoxicilina + clavulanato e tetraciclina. Além disso, seis cepas foram consideradas sensíveis à benzilpenicilina, clindamicina, eritromicina e vancomicina. Azitromicina e cloranfenicol apresentaram os resultados menos favoráveis, com suscetibilidade de 28,6% e 14,3%, respectivamente. Amoxicilina, amoxicilina + ácido clavulanato e moxifloxacina apresentaram o menor MIC90 para ambas as cepas. Concluindo, proteínas humanas e microbianas foram identificadas em todas as condições endodônticas. A IP continha um número maior de proteínas do que as demais situações endodônticas. Membros importantes das vias de inflamação e reabsorção óssea foram encontrados, enquanto muitas proteínas microbianas detectadas foram relacionadas à adesão em simbiose aos tecidos do hospedeiro e atividades patogênicas, tais como: formação de biofilme, liberação de toxina, proteólise e invasão celular. As cepas de E. faecalis foram totalmente suscetíveis à amoxicilina, amoxicilina + clavulanato, moxifloxacina e vancomicina. Enquanto todos os S. mutans isolados foram suscetíveis à amoxicilina, amoxicilina + clavulanato e tetraciclina. Além disso, a MIC90 mostrou que 1mg / ml de amoxicilina ou amoxicilina + ácido clavulanato, 0,75mg / ml de moxifloxacina e 3mg / ml de vancomicina seriam suficientes para inibir pelo menos 90% de ambas as cepas (AU)

• Processo FAPESP: 17/16516-7 - Investigação do conteúdo microbiológico, expressão de metaloproteinases de matriz e suscetibilidade antimicrobiana de bactérias específicas em casos de insucesso endodôntico
• Beneficiário: Priscila Amanda Francisco
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado