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Biogeoquímica de arsênio e chumbo em sedimento e água condicionado com biocarvão

Texto completo
Autor(es):
Matheus Bortolanza Soares
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Piracicaba.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALA/BC)
Data de defesa:
Membros da banca:
Luis Reynaldo Ferracciú Alleoni; Antonio Rodrigues Fernandes; Jose Roberto Ferreira
Orientador: Luis Reynaldo Ferracciú Alleoni
Resumo

Elementos potencialmente tóxicos (EPTs), como arsênio (As) e chumbo (Pb), constantemente ocasionam o desenvolvimento de doenças em seres vivos devido à ingestão contínua de água e alimentos com teores elevados desses elementos. Práticas antropogênicas diárias, como atividades domésticos, de saúde, industriais, agrícolas e de mineração podem contribuir para aumento da concentração de As e Pb em solos e sedimentos expostos à superfície terrestre, e isso aumenta a probabilidade de contato com os seres vivos. Embora a ocorrência de As e Pb no meio ambiente não seja necessariamente recente, ela se tornou mais relevante nas últimas décadas devido ao seu efeitos nocivo e à preocupação global em recuperar recursos naturais. Como forma de retomar a funcionalidade de ecossistemas contaminados por As e Pb, a comunidade científica tem buscado utilizar técnicas de remediação que visam a reduzir os teores biodisponíveis desses elementos no solo e na água. Dentre elas, tem se destacado o uso de biocarvão devido à sua capacidade de imobilização de contaminantes, fornecimento de nutrientes e estoque de carbono. A remediação in situ com biocarvão é alternativa ecológica e que pode ser economicamente viável quando comparada a outras técnicas convencionais de remediação que geram resíduos e/ou são de alto custo. O biocarvão é um produto da pirólise de compostos orgânicos, e sua efetividade na imobilização de contaminantes está condicionada às condições de fabricação, dentre elas a temperatura de pirólise. Além disso, as condições ambientais como flutuação redox, elevada precipitação e exposição ao tempo são fatores que podem alterar o potencial do biocarvão em (i)mobilizar EPTs como As e Pb no ambiente. Neste trabalho foram avaliados (i) o efeito da temperatura de pirólise do biocarvão na dinâmica de As e Pb em sedimento exposto a ambientes com presença total e parcial de oxigênio; (ii) a biogeoquímica de As e Pb em sedimento e água submetidos a aplicação de biocarvão in natura e modificado com cloreto férrico; e (iii) efeitos do carbono orgânico dissolvido (COD) na competição por sítios específicos de sorção com As. Para avaliar a dinâmica de As e Pb, foram realizados diversos experimentos com sedimento e água contaminada com As e Pb devido à atividade antropogênica associada à mineração e beneficiamento de minério. As amostras contaminadas com As e Pb foram condicionadas com biocarvão de palha de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) pirolisado a 350 (BC350), 550 (BC550) e 750°C (BC750), enquanto a potencial competição por sítios de sorção foi avaliada em amostras de água contaminadas artificialmente com arsenato [As(V)]. A competição por sorção foi realizada na presença de oxihidróxidos de ferro (Fe) biogênico (BIOS), que é um biomineral de Fe(III) amplamente conhecido por ser sumidouro natural de As. A temperatura de pirólise exerceu papel fundamental nas características fisico-químicas do biocarvão, e isso afetou a capacidade de (i)mobilização de As e Pb em sedimento e água. A aplicação de biocarvão reduziu a atividade da β-glicosidase e aumentou a atividade da fosfatase, o que evidencia a dificuldade da microbiota em degradar o carbono do biocarvão, assim como sua facilidade em fornecer hidrolase capaz de mineralizar fosfato presente em formas orgânicas. O tempo de envelhecimento do biocarvão ocasionou aumento nos teores biodisponíveis e trocáveis de As, na mesma medida em que reduziu os teores biodisponíveis e trocáveis de Pb. O aumento dos teores biodisponíveis e trocáveis de As esteve relacionado às mudanças nos reservatórios de carbono ocasionados pela oxidação de superfície do biocarvão e pela biodegradação promovida pelos microorganismos. Em ambientes com elevada precipitação, a aplicação de biocarvão aumentou a liberação e a mobilidade de As sem afetar a distribuição das espécies de As. A modificação química do biocarvão, como forma de aperfeiçoar um filtro de água, aumentou a velocidade e capacidade de sorção de As e Pb e tornou o biocarvão modificado com cloreto férrico uma alternativa promissora para filtro de água contaminada com esses elementos. A presença do DOC do biocarvão foi capaz de reduzir em até 30% a sorção de As(V) em BIOS. No entanto, a presença de DOC não alterou os mecanismos de sorção de As(V) em BIOS, o que mostra que o principal meio responsável pela redução da sorção de As(V) é o bloqueio de sítio. Já no sedimento em ambientes com presença parcial de oxigênio, o biocarvão foi capaz de reduzir a mobilidade de As. Além da mudança na mobilidade de As e Pb, verificou-se que o fornecimento de biocarvão ao sedimento aumentou consideravelmente o teor de DOC em solução, o que possivelmente tamponou a redução biótica assimilativa de Fe(III) e As(V) e reduziu a metilação de As. (AU)

Processo FAPESP: 19/06897-9 - Biogeoquímica de arsênio e chumbo em solo remediado com biocarvão
Beneficiário:Matheus Bortolanza Soares
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado