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A mão visível do editor invisível: o paradigma da edição na ficção curta machadiana

Texto completo
Autor(es):
Guilherme de Souza Lopes
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da Linguagem
Data de defesa:
Membros da banca:
Lucia Granja; Hélio de Seixas Guimarães; Eduardo Sterzi
Orientador: Lucia Granja
Resumo

Estudos historiográficos realizados pela tradição crítica machadiana descrevem a proximidade de Machado de Assis com os processos editoriais concernentes às diversas etapas de produção do livro. Esse interesse, presente em toda sua trajetória, ganha novos contornos a partir das investigações de Granja (2020), que explicita as transformações de status simbólico conquistadas por Machado no decorrer de sua relação profissional com Baptiste-Louis Garnier, figura oficialmente conhecida como editor de suas produções, enquanto o autor progressivamente angaria formas de controle sobre sua própria obra que lhe possibilitaram tomar decisões editoriais consequentes para consolidação de seu projeto literário. Essa história de fundo invisibilizada pela aparente limpidez dos contratos oficiais entre editor e autor pode ser pensada conjuntamente às demais experiências formativas de Machado como homem de letras formado pelos jornais do século XIX e como funcionário público, uma vez que o mundo do periódico e dos documentos ministeriais são produtos impressos que guardam, a despeito de seus distintos contextos de produção, por vezes violentos dispositivos de edição produtores de ficções de legibilidade e naturalização sobre a realidade. Partindo desse amplo conjunto de experiências que formam a perspectiva singular de Machado como autor atento às interdições invisíveis por trás da aparente estabilidade do papel editado, e levando em conta a presença incidente da materialidade do suporte livro solicitada no interior de sua narrativa (Baptista, 2003), investigamos de que modo pode se dar a presença da instância da edição ficcionalizada nos contos machadianos, figurada na imagem do editor ou transformada em procedimento composicional sobre sua narrativa. Dessas investigações, reconhecemos a tensão dialética correspondente à imagem do editor, ou, de modo mais amplo, da instância de edição enquanto posição simbólica que historicamente conjuga, por um lado, a capacidade de controle e de condicionamento sobre o impresso, bem como, por outro, a potencialidade produtiva da montagem e da recriação, habilitando o produto textual à abertura de renovadas leituras e versões de si. Desse modo, os contos escolhidos para a análise articulam, à imagem do livro, em seu sentido material e metafórico - como clausura e ordem sustentada pelos artifícios da edição - e, de maneira mais ampla, à própria imagem do papel editado, ora os mecanismos de controle e coerção expostos por trás de sua produção, ora a possibilidade composicional da versão e da montagem, o que contribui para pensarmos em renovadas possibilidades de leitura da obra machadiana que levem em conta a figuração, por vezes fantasmagórica, da técnica como presença que constitui imaginativamente sua ficção e à qual sua ficção também responde (AU)

Processo FAPESP: 21/00642-9 - A mão visível do editor invisível: a ficcionalização da edição do livro pela narrativa machadiana
Beneficiário:Guilherme de Souza Lopes
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado