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Conversas com florestas viventes: política, gênero e festa em Sarayaku (Amazônia equatoriana)

Texto completo
Autor(es):
Marina Ghirotto Santos
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Renato Sztutman; Ivette Rossana Vallejo Real; Jean François Germain Tible
Orientador: Renato Sztutman; Salvador Andres Schavelzon
Resumo

Esta pesquisa é uma reflexão com o Povo Originário Kichwa de Sarayaku, Amazônia equatoriana, sobre seus modos de conceber e praticar aquilo que chamamos de \"política\". Dentre as várias traduções na língua kichwa/runa shimi, partimos daquela que aponta para a política enquanto um ato de contar histórias e, mais especificamente, de conversar (kwintana), perseguindo seus efeitos. Entendendo o trabalho etnográfico também como um tipo de conversa, a tese está organizada ao redor de cinco substâncias que permearam, justamente, a maioria de nossas conversas: sangue, petróleo, terra, cerveja de mandioca e dilúvio. Estas substâncias têm o poder de falar algo sobre as teorias e os modos de existência Runa; suas formas de resistências, especialmente anti-extrativistas; e as maneiras pelas quais este povo segue cultivando a autonomia enquanto defende o território, aqui chamado de Floresta ou Selva Vivente (Kawsak Sacha). Seguindo-as, observamos que a ação política Runa - melhor entendida em termos de cosmopolítica - escapa quaisquer estabilizações: com, contra e além do Estado, articula sujeitos, tempos-espaços, instâncias de poder, festas, existências vegetais, substâncias e relações que não encontram espaço nas práticas modernas de política, tampouco nas grandes narrativas da história que as sustentam. Neste caminho, dedicamos especial atenção às conversas com mulheres Runa e suas formas de habitar \"a política\". Voltamo-nos continuamente aos mundos dos roçados (chakra), da cerveja de mandioca (lumu aswa) e do cuidar (kuyrana), enfatizando seus entrelaçamentos com as atuações das mulheres em organizações e coletivos indígenas, sejam eles mistos ou apenas de mulheres. Sugerimos que o gênero é um idioma importante das conversas que instituem mundos, sustentam a multiplicidade da floresta e resistem à sua destruição. Enquanto suas práticas buscam cultivar melhores modos de existência na Terra e com a Terra, se aproximam e se afastam de diferentes feminismos, abrindo espaços para mais uma história a respeito da ação política das mulheres. (AU)

Processo FAPESP: 17/17805-2 - A cosmopolítica da selva vivente: uma aproximação à proposta de Sarayaku
Beneficiário:Marina Ghirotto Santos
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado