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Microambiente do adenocarcinoma de próstata: efeito in vivo e in vitro do tempol sobre marcadores de inflamação, estresse oxidativo, proliferação e expressão de miRNAs = Microenvironment of prostatic adenocarcinoma: in vivo and in vitro effect of tempol on inflammatory, oxidative stress, proliferation markers and miRNAs

Texto completo
Autor(es):
Isabela Maria Urra Rossetto
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
Valéria Helena Alves Cagnon; Rejane Maira Góes; Patricia Simone Leite Vilamaior; Gabriela Bortolança Chiarotto; Cynthia Aparecida de Castro
Orientador: Murilo Vieira Geraldo; Valéria Helena Alves Cagnon
Resumo

O câncer de próstata (CaP) é a segunda maior causa de mortes por câncer no mundo todo. Dentre os aspectos da patogênese e progressão do câncer de próstata, a inflamação e o estresse oxidativo podem ser apontados como fatores fundamentais, levando ao repetido processo de dano e regeneração tecidual e ao desequilíbrio do microambiente glandular. O tempol, potente antioxidante, tem se mostrado um tratamento coadjuvante promissor em diversos tipos de cânceres, com efeitos importantes sobre o processo inflamatório e sobre o estresse oxidativo. Porém, estudos avaliando suas ações na próstata são escassos e contraditórios. O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos de diferentes dosagens do tratamento com tempol, in vitro e in vivo, sobre o microambiente do adenocarcinoma de próstata em diferentes estágios de progressão dessa doença, analisando parâmetros de proliferação tecidual, de inflamação, de estresse oxidativo, de resposta mitocondrial, e de expressão de miRNAs. In vitro, a resposta das linhagens celulares PC-3e LnCaP foi verificada frente a diferentes tempos e dosagens de tratamento com tempol. In vivo, as respostas do lobo ventral da próstata no modelo TRAMP foram verificadas em dois estágios de progressão da doença: 8-12 semanas de idade (estágio inicial; CT12 e TPL12) e 16-20 semanas de idade (estágio avançado; CT20, TPL20-I E TPL20-II). Os camundongos transgênicos foram tratados por gavagem com doses de 50 ou 100 mg/Kg de tempol diluído em água, durante quatro semanas, sendo 5 dias de tratamento por semana. Após o término do período experimental, o lobo ventral foi processado para análises morfológicas, imunohistoquímicas, de níveis proteicos (western blotting), de atividade enzimática e de expressão gênica (RT-PCR). Os resultados apontaram que o tempol teve ação antiproliferativa, diminuindo a viabilidade celular das linhagens tumorais e atrasando o aparecimento das lesões no modelo TRAMP. O tempol teve papel preponderante na diminuição da inflamação tanto in vitro quanto in vivo. Para todas as condições experimentais consideradas, houve atenuação da sinalização inflamatória via receptores tipo toll, aumento diferencial de inibidores de NF?B e diminuição de marcadores inflamatórios. O tempol alterou também parâmetros relacionados a sobrevivência celular, como STAT-3 e BCL2, apresentando ação protetiva tecidual principalmente no estágio inicial. Esse nitróxido atuou como antioxidante, aumentando os níveis endógenos de SOD2 e atuando como um agente semelhante à catalase. As análises complementares de parâmetros mitocondriais demonstraram que, no estágio avançado, o tempol levou a diminuição de componentes da fosforilação oxidativa mitocondrial (OXPHOS) e diminuição de PGC-1?, impedindo o tecido de corresponder ao aumento das demandas energéticas da célula nesse estágio. De forma generalizada, o tempol aumentou a expressão dos miRNAs 26-5p, 26a-5p e 155-5p nas condições estudadas, e modulou diferencialmente genes da via do NF?B, tanto in vivo quanto in vitro. Particularmente no estágio avançado, a dose-resposta ao tratamento com o tempol não foi evidenciada para os níveis proteicos, uma vez que o dobro da dose oferecida aos animais não levou à efeitos superiores aos observados com a dose menor de tratamento. No entanto, se considerados os aspectos moleculares de expressão gênica, o tempol levou ao aumento significativo dos níveis de miRNAs let-7c-5p, miR-26a-5p e miR-155-5p para o grupo TPL20-II quando comparado aos grupos CT20 e TPL20-I. Sistemicamente no modelo TRAMP, o tempol diminuiu os níveis do miR-let-7c-5p e miR-26a-5p em ambos os estágios de tratamento, sendo que esses mesmos miRNAs aumentaram sua expressão com o dobro da dose de tratamento no estágio avançado. Isto posto, constatou-se que as ações do tempol foram efetivas, porém diversas, no microambiente do adenocarcinoma de próstata, indicando respostas diferenciais in vitro, de acordo com a dependência hormonal das linhagens celulares e, in vivo, tendo como base o estágio de progressão das lesões no tecido. Através do presente trabalho, de caráter exploratório das possíveis atuações do tempol no CaP, concluiu-se que o seu papel anti-inflamatório foi um dos componentes mais relevantes e uniformes da sua atuação, destacando-se as alterações em elementos da via do NF?B após o tratamento. A diminuição da inflamação aqui reportada está intrinsecamente relacionada aos achados de diminuição da sobrevivência e proliferação celular. Por fim, este estudo pré-clínico sugere que o tempol pode ser considerado como potencial terapia para o CaP. No entanto, por sua ação multifacetada, destaca a necessidade de ponderar o seu uso após uma análise individualizada do estágio de progressão da lesão prostática, bem como do grau de dependência androgênica (AU)

Processo FAPESP: 18/21647-6 - Microambiente do Adenocarcinoma de Próstata: efeito in vivo e in vitro do tempol sobre marcadores de inflamação, estresse oxidativo, proliferação e expressão de miRNAs
Beneficiário:Isabela Maria Urra Rossetto
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado