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Arte em tempos de chirinola: a proposta de renovação teatral de Coelho Netto (1897-1898)

Texto completo
Autor(es):
Danielle Crepaldi Carvalho
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da Linguagem
Data de defesa:
Membros da banca:
Orna Messer Levin; Leonardo Affonso de Miranda Pereira; Leonardo Pinto Mendes
Orientador: Orna Messer Levin
Resumo

Neste trabalho, analiso a produção teatral com que o literato Henrique Maximiniano Coelho Netto (1864-1934) - autor importante na virada do século XIX para o XX - inaugurou sua intervenção nos palcos cariocas, em especial o "poema dramático" Pelo Amor! (1897), o "episódio lírico" Ártemis e a "balada em prosa rítmica" Hóstia (1898). Através de tais obras, o literato almejava combater a crise que, segundo seu julgamento, o teatro enfrentava. Sua crítica era dirigida tanto às peças teatrais representadas nas casas de espetáculos comerciais do Rio de Janeiro quanto aos artistas que nelas atuavam. O repertório das companhias que estavam em cartaz na capital era composto, em sua maioria, pelos melodramas lacrimosos e especialmente pelas comédias musicadas - estas recebiam a contribuição dos gêneros musicais populares (a exemplo do lundu e do maxixe). As comédias musicadas exploravam as situações cômicas, algumas vezes fantasiosas, por meio de diálogos construídos, muitas vezes, sobre o duplo sentido das palavras. Além da ausência de qualidades artísticas, Netto considerava essas comédias musicadas licenciosas, já que invariavelmente assumiam uma conotação sexual, devido aos ditos ambíguos que utilizavam e às danças sensuais. Sendo assim, o literato propunha-se a conduzir uma regeneração nos palcos, apoiando-se, para isso, na tradição literária ocidental, da qual retirou os assuntos para a escrita desses dramas. E por acreditar que o elenco profissional não tinha condições intelectuais para levar à cena peças literárias, estimulou que fossem encenadas por um elenco amador composto pela elite econômica do Rio de Janeiro. Pelo Amor! trata da desolação de uma condessa escocesa frente à perda do esposo e o amor que nutre por ele, o qual engendrará o desfecho trágico de ambos. A atmosfera lúgubre que perdura no drama se reflete na música criada por Leopoldo Miguez, que, tendo sofrido visível influência do músico alemão Richard Wagner, criou temas musicais para as personagens principais e esboçou uma interação entre elas no plano musical. A iniciativa conquistou adeptos mas também recebeu críticas. O mesmo deu-se, no ano seguinte, quando da encenação de Ártemis (música de Alberto Nepomuceno) e Hóstia (música de Delgado de Carvalho), no ano seguinte. Na verdade, muitas foram as críticas, ora às peças, ora à relação entre o texto e a música, reação que, em grande medida, tangia o aspecto político. Ora, a imposição de um novo modelo artístico intentava gerar a reordenação do cenário artístico carioca e a exclusão de obras consagradas pelo público e também parte da crítica, como as óperas italianas, as comédias musicadas e os melodramas. Proponho-me, na presente dissertação, a analisar as três peças de Coelho Netto à luz da produção teatral e crítica da época e sobre a época, e daquilo que os literatos do Rio de Janeiro publicaram a respeito da movimentação cultural da cidade. Ocasionalmente, tal trabalho também irá se estender à partitura das obras, para que a relação entre texto e música seja melhor compreendida. (AU)

Processo FAPESP: 07/52830-6 - "Arte" em tempos de "chirinola" a proposta de renovação teatral de Coelho Netto (1897-1898)
Beneficiário:Danielle Crepaldi Carvalho
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado