Avaliação das alterações mitocondriais e celulares induzidas por representantes das principais classes de bifenilas poli-bromadas (PBDEs)

Resumo

Os retardantes de chama bromados são substâncias largamente utilizadas nos mais variados bens de consumo para aumentar sua resistência ao fogo e/ou altas temperaturas em casos de incêndio, aumentando assim, as chances de escape e reduzindo a gravidade das queimaduras. Para este fim os éteres de difenilas polibromadas (PBDEs) representam a classe mais utilizada tendo em vista sua eficiência no controle da propagação da chama e baixo custo. Estes compostos se incluem entre os recentemente denominados contaminantes ambientais emergentes que apresentam uma carência de dados toxicológicos, principalmente em relação aos efeitos danosos e aos biomarcadores de exposição, além do potencial dano ao meio ambiente, sendo esta uma preocupação recente da comunidade científica. A provável contaminação por estes compostos, das fontes de água e a possibilidade concreta de escassez de água doce em um futuro próximo, tornam essencial os estudos que forneçam subsídios para a elaboração de legislações que protejam de forma adequada este recurso natural. No Brasil, recentemente foi publicada a Resolução n. 396 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que legisla sobre as reservas de águas subterrâneas. Embora esta legislação seja ampla, não contempla nenhum dos contaminantes emergentes, os quais podem contaminar tanto águas superficiais quanto os reservatórios subterrâneos. Pelo fato da mitocôndria ser reconhecida como a principal organela produtora de energia celular, além de exercer um papel fundamental na manutenção de inúmeras funções celulares, a mitocôndria é uma ótima ferramenta para o estudo de atividades tóxicas de substâncias como os retardantes de chamas bromados. Desta forma, o presente projeto pretende fornecer dados à comunidade científica e principalmente às autoridades legislativas do país sobre os efeitos danosos dos PBDEs empregando os ensaios com mitocôndrias isoladas e em sistemas celulares, a fim de avaliar a necessidade de inclusão destes compostos na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente sobre águas subterrâneas. Com os recursos aqui solicitados, será montado o Laboratório de Toxicologia e Bioquímica Toxicológica do Departamento de Química da FFCLRP/USP, onde será desenvolvido o presente projeto, que contará com a colaboração de docentes deste e de outros departamentos do Campus da USP de Ribeirão Preto. O projeto propõe ainda a formação de recursos humanos na área de Toxicologia, tendo em vista que serão selecionados alunos de mestrado e iniciação científica para a realização das análises. (AU)