Variação da exposição física e trabalho administrativo: comparação entre tarefas em função do uso do computador.

Resumo

A alta incidência de distúrbios musculoesqueléticos em trabalhadores que utilizam o computador, pode estar associada a fatores de risco como baixo repouso muscular e pequena variação na atividade. Nesse sentido, algumas teorias propõem o enriquecimento do trabalho a partir da realização de diferentes atividades introduzam variação à exposição física. Esta variação poderia reduzir o risco de desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos. Entretanto, não se sabe se a exposição física dos trabalhadores que utilizam o computador varia de acordo com a realização de diferentes tarefas. Uma comparação baseada no registro eletromiográfico de atividades que envolviam e não envolviam o uso do computador mostrou que a exposição dos trabalhadores não variou de acordo com a atividade. No entanto, não houve registro de movimentos e a identificação das tarefas foi realizada a partir do uso de um software. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo comparar a exposição física dos funcionários dos setores administrativos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a partir do registro de movimentos e atividade muscular, entre tarefas que envolvem o uso do computador e tarefas que são realizadas sem o uso da máquina. Para tanto, uma amostra de 40 trabalhadores administrativos que utilizem o computador há pelo menos 5 anos, será caracterizada pela avaliação de sinais e sintomas musculoesquéticos, identificados a partir do Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos e de uma avaliação física padronizada. Durante um período regular de trabalho, serão registrados a atividade muscular dos músculos trapézio superior e extensores de punho/dedos, bilateralmente, bem como os movimentos da cabeça, ombros e tronco superior, por inclinometria. Uma vez que serão utilizados equipamentos portáteis, os trabalhadores estarão livres para desempenhar suas tarefas regulares. Durante o registro o pesquisador irá cronometrar as tarefas realizadas e identificar se há ou não o uso do computador. Estes dados serão utilizados para recorte dos registros que serão divididos em dois conjuntos: tarefas com uso do computador (TC) e tarefas sem uso do computador (TSC). Para estes dois conjuntos de dados de cada registro serão calculadas variáveis que caracterizem a exposição física bem como sua variabilidade (média da exposição, desvio padrão e coeficiente de variação). Os dados serão comparados entre TC e TSC a partir do teste t-Student pareado ou Wilcoxon, caso não haja normalidade na distribuição (Shapiro Wilks). Será adotado o nível de significância de 5%. Com esses dados pretendemos contribuir para o melhor entendimento da variação da exposição de acordo com o uso do computador no ambiente de trabalho, o que poderá nortear estratégias preventivas.