Avaliação da persistência e carga parasitária do Trypanosoma cruzi em órgãos sólidos transplantáveis, tubo digestivo e supra-renal de pacientes chagásicos crônicos

Resumo

A persistência do Trypanosoma cruzi na fase crônica da doença de Chagas tem sido demonstrada no miocárdio, onde se associa com miocardite de alto grau, e em algumas partes do tubo digestivo, os tradicionais órgãos-alvo da doença. Esses órgãos, e também a glândula supra-renal seriam os reservatórios do T. cruzi na fase crônica, responsáveis pela origem dos parasitas em casos de reativação da doença, a qual pode ocorrer após imunosupressão de pacientes chagásicos crônicos. Além de sua importância na patogenia da fase crônica, a questão da persistência e carga parasitária do T. cruzi em indivíduos chagásicos crônicos é muito importante na seleção de doadores para transplante de órgãos. Devido a relatos esporádicos de transmissão da doença de Chagas pelo transplante de órgãos, o uso dos mesmos é controverso. Nós propomos a avaliar a persistência e carga parasitária do T. cruzi nos órgãos sólidos transplantáveis (coração, pulmão, fígado, rim e pâncreas) de pacientes chagásicos crônicos; o resultado desse estudo pode ser útil para se estabelecer o real risco de transmissão da doença de Chagas pelo transplante de órgãos, e contribuir para a definição de critérios para o uso de tais órgãos. De 20 autópsias de pacientes chagásicos crônicos, previamente realizadas no InCor (estudo retrospectivo), serão selecionados blocos de parafina contendo isoladamente miocárdio, pulmão, fígado, rim, pâncreas, tubo digestivo (esôfago ou cólon) e supra-renal. A persistência parasitária será avaliada pela pesquisa direta de formas amastigotas do parasita, pela pesquisa imunohistoquímica de antígenos do T. cruzi e pela reação em cadeia da polimerase (PCR) para o DNA do T. cruzi. A carga parasitária será avaliada pelo PCR em tempo real. A persistência e carga parasitária das amostras de pulmão, fígado, rim e pâncreas será comparada à persistência e carga parasitária das amostras dos órgãos-alvo (coração e tubo digestivo) e da glândula supra-renal (provável reservatório natural do parasita). (AU)