Quantificação e decomposição do déficit de produtividade de usina de cana-de-açúcar

Resumo

Projeções econômicas indicam que até 2050 a população mundial aumentará em aproximadamente 30% e, consequentemente, aumentará também a demanda por alimentos, enquanto que a área disponível para expansão horizontal da agricultura no mundo é de no máximo 5%. Essa constatação implica na necessidade de elevar a produção agrícola de modo sustentável para assegurar a alimentação futura da humanidade. A identificação das regiões com potencial de incremento na produção agrícola pode ser feita com base na análise eficiência agrícola, dada pela razão entre a produtividade real (Yr) e a produtividade potencial (Yp) (ou atingível) de uma região; essa análise pode também ser feita pelo déficit de produtividade (Yg) (do inglês, yield gap), dado pela diferença entre Yp e Yr. Diversos estudos vêm sendo realizados nessa linha para diferentes culturas e em vários países do mundo, normalmente em grandes escalas espaciais. Há, contudo, uma demanda para estudos desta natureza em unidades produtivas, permitindo assim que os produtores observem a produção não aproveitada e possam intervir no sistema de modo a elevar sua produtividade. O objetivo deste projeto é quantificar a eficiência agrícola de uma usina de cana-de-açúcar e quais (e qual o peso de cada um deles) os principais fatores limitantes e redutores que impedem a expressão do potencial da usina. Para tanto, pretende-se utilizar o modelo DSSAT/CANEGRO para simulação da produtividade potencial e compará-la com a produtividade real que será obtida junto aos bancos de dados da usina, na escala de talhão. Assim, será possível calcular a eficiência agrícola e fazer o mapeamento da eficiência da usina e do Yg, por talhão. O projeto então passará para uma segunda fase, baseada na coleta de dados de campo, na qual será feita a seleção de alguns talhões em diferentes ambientes (A e E, por exemplo) com diferentes níveis de eficiência (talhões com altas e baixas eficiências no ambiente A; talhões com altas e baixas eficiências em ambiente E). Nesses talhões selecionados serão então visitados com uma metodologia pré-estabelecida para identificação e quantificação dos fatores limitantes e redutores. Por fim, tais levantamentos serão convertidos em perdas através de funções de produção disponíveis na literatura para cada um dos fatores levantados, para, finalmente, decompor e explicar quantitativamente o Yg. Assim, espera-se apoiar os produtores na construção de um plano de elevação da produtividade e priorizar os investimentos neste planejamento.