Status taxonômico das espécies de Pinnixinae Stevcic, 2005 (Brachyura: Pinnotheridae) do litoral brasileiro: análise integrativa com morfologia e genética

Resumo

A família Pinnotheridae é composta por pequenos caranguejos marinhos comensais de outros animais, como anelídeos, moluscos, equinodermos e até mesmo outros decápodes. Devido ao tamanho reduzido destes animais e à grande similaridade morfológica entre as espécies do grupo, o que causa confusões quanto à identificação e delimitação de espécies, a família é permeada por incertezas e problemas taxonômicos. A subfamília Pinnixinae, que inclui caranguejos geralmente mais largos que longos comensais de espécies de decápodes, estomatópodes, ou anelídeos que habitam tubos, envolve alguns destes problemas. Dentre as 12 espécies atualmente consideradas válidas encontrados na costa brasileira, a maioria ainda possui status taxonômico incerto. Várias espécies permanecem com posicionamento genérico incerto após a divisão do gênero Pinnixa em Austinixa, Rathbunixa, Tubicolixa, Scleroplax e Sayixa, como é o caso de Pinnixa gracilipes. Além disso, há conflitos em relação à validade de algumas espécies do grupo, como é o caso de Austinixa bragantina e Tubicolixa rapax. Ademais, devido à grande variabilidade morfológica intraespecífica das espécies do grupo, há dúvidas quanto a presença de espécies crípticas ou complexos de espécies em alguns táxons, como Austinixa aidae, A. patagoniensis e Tubicolixa chaetopterana. Há também incertezas quanto ao posicionamento do gênero Alarconia, o qual é atualmente entendido como subgrupo de Pinnixinae, porém possui grande similaridade morfológica com membros da subfamília Pinnixulalinae. Devido a este grande número de incertezas e ambiguidades na taxonomia do grupo, uma análise integrativa incluindo evidências morfológicas e moleculares será realizada, cujo objetivo é entender as relações entre as espécies da subfamília Pinnixinae presentes na costa brasileira, buscando por espécies crípticas, verificando o posicionamento a nível de gênero das espécies e verificando a validade dos táxons. A morfologia dos espécimes será analisada por meio de um estereomicroscópio, havendo a busca por caracteres morfológicos relevantes na taxonomia do grupo, em especial aqueles que ainda não foram mencionados na literatura e que possam ser usados como diagnósticos e aqueles que possuem certo grau de variação. Os dados moleculares serão obtidos por extração de DNA das diferentes espécies da costa brasileira provenientes de variadas localidades, havendo amplificação pela técnica de PCR, purificação e sequenciamento das amostras para que sejam obtidas sequências parciais dos genes mitocondriais 16S e 12S, e do gene nuclear H3, os quais possuem grande relevância em análises filogenéticas do grupo. Árvores filogenéticas com evidências moleculares serão construídas utilizando as metodologias de Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana, possuindo o objetivo de contextualizar os diferentes táxons dentro do clado Pinnixinae.