Produtividade do feijoeiro e micronutrientes no sistema solo-planta sob residual de aplicações de composto de lodo de esgoto

Resumo

O composto de lodo de esgoto (CLE) é comercializado como fertilizante orgânico e pode ser uma fonte alternativa de micronutrientes na agricultura. Todavia, ainda são escassos os estudos com CLE no fornecimento de micronutrientes para a cultura do feijão. Objetivamos avaliar os teores disponíveis de micronutrientes no solo e seus efeitos na nutrição, extração, exportação e produtividade de grãos do feijão-comum em resposta ao residual de duas aplicações consecutivas de doses de CSS. O experimento foi realizado em condições de campo no município de Selvíria-MS, Brasil. O feijoeiro cv. BRS Estilo foi cultivado no inverno, nos anos agrícolas 2017/18 e 2018/19. O delineamento foi em blocos casualizados com parcelas subdividas no tempo e quatro repetições. Foram testados seis tratamentos principais e dois secundários, sendo: quatro doses de CSS (5.0; 7.5; 10.0 e 12.5 Mg ha1, base úmida), um tratamento controle sem aplicação de fertilizantes e um tratamento com adubação mineral convencional (AMC). Os dois anos agrícolas foram considerados tratamento secundário. Nas amostras de terra coletadas nas camadas de 0-0.20 e 0.20-0.40 m de profundidade, ao final do ciclo do feijoeiro, foram avaliados os teores disponíveis de B, Cu, Fe, Mn e Zn. No feijoeiro, avaliou-se os teores foliares, a extração e a exportação de micronutrientes, além da produtividade de grãos. Os teores de micronutrientes no solo e a produtividade não foram influenciados pelos tratamentos. Porém, o B e Zn apresentaram teor médio e alto no solo, principalmente nas doses de 7.5; 10.0 e 12.5 Mg ha1 de CSS, e supriram as necessidades do feijoeiro com resultados similares ao observado para o tratamento que receberam AMC. O estado nutricional do feijoeiro se manteve em níveis adequados. No segundo ano, o feijoeiro apresentou maio exigência de micronutrientes e os trata-mentos com 5.0; 10.0 e 12.5 Mg ha1 de CSS supriram a necessidade das plantas por B, Cu, Fe, Mn e Zn, com teores de médio à alto no solo. As doses de 7.5 e 10.0 Mg ha1 de CSS aumentaram a concentração de B e Zn na folha. Houve maior extração no segundo ano, sendo que os valores obtidos para AMC foram similares aos tratamentos com aplicação das doses de CSS. Os micronutrientes exportados nos grãos variaram entre os anos agrícolas, mas não foram influenciados pelos tratamentos. Concluímos que o CSS pode ser utilizado como fonte alternativa de micronutrientes para o feijoeiro comum cultivado no inverno. (AU)