Contexto em narrativa: movimentos sociais e a trama do possível

Resumo

Esta pesquisa tem como proposta investigar os processos de atribuir significado à participação em movimento social, levando em conta eventos e narrativas dos atores, que acionam as noções de coletivo e de sujeito. Uma das perguntas norteadoras é "como se constrói o que permite aos atores se reconhecerem como coletividade e reivindicarem para si o que chamam de "movimento"? Toma-se como campo o movimento de moradia da cidade de São Paulo, sobre o qual já há conhecimento acumulado por pesquisa de Iniciação Científica prévia. A principal proposta que diferencia este projeto de outras abordagens de pesquisa de movimentos sociais, como a Teoria da Mobilização de Recursos e a Teoria dos Novos Movimentos Sociais, é não pressupor a) o movimento social como um ator homogêneo e b) os atores e seus posicionamentos como previamente definidos (mas sim como relacionais e situacionais). Uma das hipóteses deste projeto é que os múltiplos sentidos de coletividade são construídos pelos atores do movimento social ao trabalharem sob formas organizacionais mais ou menos inventivas, e, sobretudo, ao historicizarem sua condição e conectarem passado, presente e futuro, através de narrativas cujo principal desafio é adquirir inteligibilidade. Para isso, pretende-se explorar o conceito de contexto, de Roy Dilley (1999), que orienta esse trabalho. Com este recurso conceitual, contexto equivale, pelo seu caráter relacional, à narrativa. Esta junção permitiria pensar os contextos como narratividade. Por fim, o resultado desta pesquisa pretende-se, justamente pelas mediações conceituais que as etnografias podem nos oferecer, uma etnografia de um movimento social, na apreensão de sua "estrutura da experiência" (Turner, 1980), sob a orientação de não sucumbir à dicotomia "estrutura x ação". (AU)