Busca por miRNAs provenientes de vesículas extracelulares relevantes para a epileptogênese e escore poligênico de risco de pacientes que sofreram traumatismo cranioencefálico

Resumo

O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é altamente frequente no Brasil, ocorrendo mais de 150 mil casos por ano, e é um grande fator de risco para o desenvolvimento de epilepsia pós-traumática (EPT). Contudo, o tratamento de EPT derivado de TCE ainda é pouco eficaz. Portanto, é necessário investigar novas abordagens, como o uso do biperideno, um medicamento anticolinérgico. MicroRNAs (miRNAs) provenientes de vesículas extracelulares (VEs) podem auxiliar na compreensão das bases biológicas da EPT, uma vez que regulam a expressão gênica e podem ser detectados perifericamente. As VEs são liberadas por vários tipos celulares, como células neurais, e são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica. O principal objetivo desse estudo foi identificar padrões de alterações nos níveis de miRNAs carreados por VEs após TCE, que possam estar relacionados com o desenvolvimento de EPT e/ou que estejam relacionados com o tratamento com biperideno. Os objetivos específicos, foram: a) encontrar miRNAs associados à EPT, ao comparar o grupo dos indivíduos que desenvolveram com o dos que não desenvolveram a EPT; b) buscar miRNAs relacionados ao tratamento, ao comparar o grupo dos indivíduos que tomaram placebo com o dos que receberam biperideno; e c) identificar os genes alvo dos miRNAs diferencialmente expressos e as suas vias biológicas enriquecidas na epileptogênese e no tratamento com biperideno d) cálculo do escore poligênico de risco para o desenvolvimento da doença. A coleta dos participantes do estudo faz parte de um projeto temático que incluiu um ensaio clínico duplo-cego e randomizado. Pretendemos incluir 150 indivíduos que sofreram TCE, sendo que a coleta de sangue será realizada após 10 dias do trauma e do início do tratamento (biperideno ou placebo). Primeiramente, será realizado o isolamento de VEs provenientes do soro, sendo uma parte utilizada para a sua caracterização, de acordo com o seu tamanho e a presença de proteínas de membrana. A outra parte será utilizada para a extração de miRNAs seguido do preparo de bibliotecas para o sequenciamento de nova geração do miRNoma (conjunto de miRNAs). Será feita também a extração de DNA do sangue dos pacientes para a realização da genotipagem. A análise de expressão diferencial desses miRNAs e o cálculo do escore poligênico de risco serão realizados com o auxílio de ferramentas de bioinformática. Assim, pretendemos encontrar miRNAs relacionados com o processo epileptogênico pós traumatismo cranioencefálico e com o biperideno, bem como as vias que eles regulam; além disso, esperamos calcular o escore poligênico de risco para a doença. (AU)