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Uso de plasma de doador convalescente para tratar pacientes com infecção grave pelo SARS-CoV-2 (COVID-19)

Resumo

A pandemia pelo vírus SARS-CoV-2 afeta o mundo todo e agora atingiu o Brasil. Ainda se desconhecem a magnitude e as consequências da epidemia da COVID-19 no país. Neste estudo, avaliaremos o impacto da transfusão de plasma de convalescente da COVID-19 em pacientes com quadro clínico grave dessa doença. O quadro clínico da infecção pelo SARS-CoV-2 é heterogêneo, com apresentação clínica leve e oligossintomática, ou mesmo assintomática, na maioria dos casos, mas uma parcela de pacientes apresenta evolução grave, com insuficiência respiratória, quadro responsável pela maioria das mortes. Não há até o momento terapia específica para a COVID-19. Uma alternativa potencialmente promissora é a infusão de anticorpos pré-formados, oriundos de indivíduos convalescentes da COVID-19. Essa forma de terapia, por meio da infusão de soro ou de plasma, é a única forma de conferir imunidade imediata, até que o próprio organismo afetado tenha tempo de montar a sua própria resposta imune (imunidade adaptativa). Os primeiros relatos dessa modalidade de tratamento remontam há quase um século, para tratar doenças como a poliomielite, o sarampo, a caxumba e a Influenza. Mais recentemente, em 2009 e 2010, foi usado soro de convalescente para tratar pacientes com quadro de grave de Influenza pelo H1N1, em que se mostrou que o grupo de pacientes transfundidos (n= 20) apresentou menor taxa de mortalidade que a observada no grupo não transfundido (n= 73) (20.0% vs 54.8%; P = 0,01). Além disso, o grupo de pacientes transfundidos apresentou carga viral e níveis de citocinas inflamatórias (IL-6, TNF±) nos dias 3, 5 e 7 significativamente inferiores aos observados no grupo de pacientes não transfundidos (P < 0,05). A primeira epidemia pelo coronavírus (SARS-CoV), que também se originou na China, em 2002 e 2003, proporcionou informação a respeito da factibilidade de usar plasma convalescente, em que se identificaram anticorpos neutralizantes do vírus. A segunda epidemia por coronavírus ocorreu no Oriente Médio, em 2012, e depois na Coreia do Sul. Em ambas as epidemias, a taxa de mortalidade foi muito alta. Oitenta pacientes com a síndrome respiratória aguda grave causada pelo coronavírus foram tratados com plasma convalescente, com desfecho clínico mais favorável nos pacientes transfundidos. O plasma foi obtido dos convalescentes a partir do sétimo dia da sua recuperação, a fim de que contivessem altos títulos de anticorpos. Metanálise recente sugeriu que a transfusão de plasma convalescente reduziu a mortalidade nos grupos de pacientes com síndrome respiratória aguda grave de causa viral, por coronavírus e pelo vírus da Influenza. Os autores identificaram 32 estudos, em sua maioria de baixa qualidade metodológica e com elevado risco de viés. A hipótese é de que transfusão de plasma de doador convalescente da COVID-19 poderá resultar em evolução clínica mais favorável e aumentar a taxa de sobrevida de indivíduos com acometimento grave pela doença. Serão tratados com plasma convalescente 40 pacientes com a forma grave da COVID-19, que terão seus desfechos comparados com grupo controle constituído de 80 pacientes com a mesma doença, com características e gravidade clínica semelhante. Cada paciente receberá uma dose aproximada de 10 mL/kg/dia de plasma convalescente (600 mL/dia para os adultos), por 3 dias consecutivos. O objetivo principal é comparar a curva de sobrevida entre os dois grupos até o dia 30 e, depois, até o dia 60 da randomização em grupo de pacientes com COVID-19 tratados com plasma de convalescente dessa infecção com a observada em grupo de pacientes submetidos a tratamento convencional (de suporte). Os objetivos secundários mais importantes são avaliar nos dois grupos a carga viral, a influência da idade na taxa de sobrevida e a ocorrência de eventuais reações adversas à transfusão de plasma. (AU)

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(Referências obtidas automaticamente do Web of Science e do SciELO, por meio da informação sobre o financiamento pela FAPESP e o número do processo correspondente, incluída na publicação pelos autores)
GARIBALDI, PEDRO M. M.; OLIVEIRA, LUCIANA C.; DA FONSECA, BENEDITO A.; MARTINS, MARIA A.; MIRANDA, CARLOS H.; ALMADO, CARLOS E. L.; LANGHI, DANTE M.; GILIO, RENATO N.; PALMA, LEONARDO C.; GOMES, BRUNO B. M.; et al. Histo-blood group A is a risk factor for severe COVID-19. Transfusion Medicine, . (20/05367-3)
SLAVOV, SVETOSLAV N.; PATANE, JOSE S. L.; BEZERRA, RAFAEL DOS SANTOS; GIOVANETTI, MARTA; FONSECA, VAGNER; MARTINS, ANTONIO J.; VIALA, VINCENT L.; RODRIGUES, EVANDRA S.; SANTOS, ELAINE V.; BARROS, CLAUDIA R. S.; et al. Genomic monitoring unveil the early detection of the SARS-CoV-2 B.1.351 (beta) variant (20H/501Y.V2) in Brazil. Journal of Medical Virology, v. 93, n. 12, . (20/10127-1, 18/15826-5, 13/08135-2, 20/05367-3, 20/00694-6, 17/26950-6)
LESBON, JESSIKA CRISTINA CHAGAS; POLETI, MIRELE DAIANA; DE MATTOS OLIVEIRA, ELISANGELA CHICARONI; PATANE, JOSE SALVATORE LEISTER; CLEMENTE, LUAN GASPAR; VIALA, VINCENT LOUIS; RIBEIRO, GABRIELA; GIOVANETTI, MARTA; DE ALCANTARA, LUIZ CARLOS JUNIOR; DE LIMA, LOYZE PAOLA OLIVEIRA; et al. Nucleocapsid (N) Gene Mutations of SARS-CoV-2 Can Affect Real-Time RT-PCR Diagnostic and Impact False-Negative Results. Viruses-Basel, v. 13, n. 12, . (20/10127-1, 13/08135-2, 20/05367-3)
GARIBALDI, PEDRO M. M.; FERREIRA, NATASHA N.; MORAES, GLENDA R.; MOURA, JOSE C.; ESPOSITO, DANILLO L. A.; VOLPE, GUSTAVO J.; CALADO, RODRIGO T.; FONSECA, BENEDITO A. L.; BORGES, MARCOS C.. Efficacy of COVID-19 outbreak management in a skilled nursing facility based on serial testing for early detection and control. Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 25, n. 2, . (20/05367-3)
KASHIMA, SIMONE; SLAVOV, SVETOSLAV N.; GIOVANETTI, MARTA; RODRIGUES, EVANDRA S.; PATANE, JOSE S. L.; VIALA, VINCENT L.; SANTOS, ELAINE V.; EVARISTO, MARIANE; DE LIMA, LOYZE P. O.; MARTINS, ANTONIO J.; et al. ntroduction of SARS-CoV-2 C.37 (WHO VOI lambda) in the Sao Paulo State, Southeast Brazi. Journal of Medical Virology, v. 94, n. 3, . (20/05367-3)
CUNHA TERRA, PATRICIA OLIVEIRA; DONADEL, CAMILA DERMINIO; OLIVEIRA, LUCIANA CORREA; MENEGUETI, MAYRA GONCALVES; AUXILIADORA-MARTINS, MARIA; CALADO, RODRIGO TOCANTINS; DE SANTIS, GIL CUNHA. Neutrophil-to-lymphocyte ratio and D-dimer are biomarkers of death risk in severe COVID-19: A retrospective observational study. HEALTH SCIENCE REPORTS, v. 5, n. 2, p. 6-pg., . (20/05367-3)
SILVA-PINTO, ANA CRISTINA; SANTOS-OLIVEIRA, LETICIA; SOUZA SANTOS, FLAVIA LEITE; HADDAD, SIMONE KASHIMA; DE SANTIS, GIL CUNHA; CALADO, RODRIGO DO TOCANTINS. COVID-19 Infection in Sickle Cell Patients in a Developing Country: A Case Series. Acta Haematologica, . (20/05367-3)
SLAVOV, SVETOSLAV NANEV; BEZERRA, RAFAEL DOS SANTOS; RODRIGUES, EVANDRA STRAZZA; SANTOS, ELAINE VIEIRA; BORGES, JOSEANE SERRANO; DE LA ROQUE, DEBORA GLENDA LIMA; PATAN, JOSE SALVATORE LEISTER; LIMA, ALEX RANIERI JERONIMO; RIBEIRO, GABRIELA; VIALA, VINCENT LOUIS; et al. Genomic monitoring of the SARS-CoV-2 B1.1.7 (WHO VOC Alpha) in the Sao Paulo state, Brazil. VIRUS RESEARCH, v. 308, p. 6-pg., . (20/05367-3, 17/26950-6, 18/15826-5, 19/08528-0)
GIOVANETTI, MARTA; SLAVOV, SVETOSLAV NANEV; FONSECA, VAGNER; WILKINSON, EDUAN; TEGALLY, HOURIIYAH; LEISTER PATANE, JOSE SALVATORE; VIALA, VINCENT LOUIS; SAN, EMMANUEL JAMES; RODRIGUES, EVANDRA STRAZZA; SANTOS, ELAINE VIEIRA; et al. Genomic epidemiology of the SARS-CoV-2 epidemic in Brazil. NATURE MICROBIOLOGY, v. 7, n. 9, p. 14-pg., . (13/08135-2, 20/10127-1, 20/04836-0, 20/05367-3)
DE SANTIS, GIL C.; OLIVEIRA, LUCIANA CORREA; GARIBALDI, PEDRO M. M.; ALMADO, CARLOS E. L.; CRODA, JULIO; ARCANJO, GHISLAINE G. A.; OLIVEIRA, ERIKA A. F.; TONACIO, ADRIANA C.; LANGHI JR, DANTE M.; BORDIN, JOSE O.; et al. High-Dose Convalescent Plasma for Treatment of Severe COVID-19. Emerging Infectious Diseases, v. 28, n. 3, p. 8-pg., . (20/05367-3)
GARIBALDI, PEDRO M. M.; OLIVEIRA, LUCIANA C.; DA FONSECA, BENEDITO A.; MARTINS, MARIA A.; MIRANDA, CARLOS H.; ALMADO, CARLOS E. L.; LANGHI, DANTE M.; GILIO, RENATO N.; PALMA, LEONARDO C.; GOMES, BRUNO B. M.; et al. Histo-blood group A is a risk factor for severe COVID-19. Transfusion Medicine, v. 32, n. 3, p. 4-pg., . (20/05367-3)

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