Busca avançada
Ano de início
Entree

Crítica de cinema e repressão: estética e política no jornal alternativo Opinião

Processo: 16/01078-1
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
Data de Início da vigência: 01 de junho de 2016
Data de Término da vigência: 31 de maio de 2017
Área do conhecimento:Ciências Sociais Aplicadas - Comunicação - Comunicação Visual
Pesquisador responsável:Eduardo Victorio Morettin
Beneficiário:Eduardo Victorio Morettin
Instituição Sede: Escola de Comunicações e Artes (ECA). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Cinema  Cinema brasileiro  Crítica cinematográfica  Imprensa  Resistência  Livros  Publicações de divulgação científica 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Critica Cinematográfica | História da Imprensa | História do Cinema Brasileiro | Imprensa Alternativa | Jean-Claude Bernardet | Resistência cultural | Cinema

Resumo

Opinião (1972-1977) é um dos mais importantes jornais da imprensa alternativa. Criado como parte da oposição ao regime militar, o semanário sofreu com intensa censura prévia, prisões, ameaças de morte e um atentado a bomba. Contra a forte repressão, Opinião respondia com textos pioneiros no pensamento progressista da esquerda. Na seção de cinema, escreviam críticos renomados, como Jean-Claude Bernardet, Sérgio Augusto, Gustavo Dahl, José Carlos Avellar. Até hoje as críticas de cinema do jornal Opinião são fonte de referência para os pesquisadores e significam também possibilidade de acesso às entrevistas de muitos cineastas brasileiros nos anos setenta. Nas páginas do semanário encontramos desde os embriões de importantes livros de Jean-Claude Bernardet, tais como Piranha no mar de rosas e Cineastas e imagens do povo, até uma crítica inaugural ao próprio pensamento engajado e hegemônico da esquerda.Se a crítica de cinema por si só é assunto pouco estudado no Brasil, o livro Crítica de cinema e repressão - estética e política no jornal alternativo Opinião abre caminhos de como essa pesquisa pode ser feita. Indo fundo na metodologia dos articulistas, a partir de artigos referenciais sobre determinados filmes, é possível observar como os críticos de cinema utilizavam as ferramentas do universo da estética e da política numa atmosfera repressiva. O livro representa a somatória de quase dez anos de estudo dedicado à análise da crítica brasileira de cinema. A autora contou com a colaboração dos críticos de cinema de Opinião para narrar a história desse importante jornal brasileiro, desde as formas encontradas para driblar a censura no corpo dos textos até o relato detalhado das desavenças internas que culminaram com a morte do jornal. Jean-Claude Bernardet, Sérgio Augusto, José Carlos Avellar, Marcos Ribas de Farias, Clóvis Marques, José Arrabal e Júlio César Montenegro concederam longas entrevistas. Alguns deles sofreram com intensa perseguição política e recontaram em detalhes essas e outras histórias no livro, esclarecendo como era exercer a crítica de cinema enquanto resistência política. O livro tem cinco capítulos. O primeiro deles retoma o dia a dia da seção cultural. A partir de uma abordagem inaugural, o capítulo revela como os críticos de cinema enfrentavam a censura no corpo do texto, aproveitando brechas para transmitir sentidos políticos proibidos através da estética do silêncio. O capítulo 2 fornece ao leitor um panorama das diretrizes de Opinião e uma tipologia da crítica na seção de cinema em busca de um projeto editorial. O capítulo recompõe os antecedentes metodológicos da crítica de cinema, que apontam tanto para Brasil em Tempo de Cinema de Jean-Claude Bernardet quanto para a obra de Lucien Goldman. Através da análise interna de um ou dois artigos de cada articulista, o capítulo 3 analisa o tipo de crítica de cada colaborador e como cada um utilizava as ferramentas da estética e da política para compor seu ato crítico.Os dois últimos capítulos dialogam fortemente com o meio cultural dos anos setenta e com as disputas internas da esquerda. Muitos valores do campo da estética e da política colocados em prática no jornal dizem respeito às formas de realizar a resistência através da cultura. Assim, o capítulo 4 analisa em primeira mão o discurso cinemanovista como parte do pensamento da intelectualidade cinematográfica. Já o capítulo 5 retoma os pontos de tensão do jornal em torno da cultura popular, que culminaram com a demissão do editor de cultura Júlio César Montenegro. O trabalho traz ao leitor as reais motivações de confrontos internos sobre a censura interna de Opinião que permaneceram ocultas nesses quarenta anos. O livro serve não só ao público interessado em cinema, mas também contribui com os estudos sobre a história da resistência e dos rachas internos da esquerda, porque não deixa de lado o paralelo entre a crítica de cinema e as discussões do campo cultural. (AU)

Matéria(s) publicada(s) na Agência FAPESP sobre o auxílio:
Mais itensMenos itens
Matéria(s) publicada(s) em Outras Mídias ( ):
Mais itensMenos itens
VEICULO: TITULO (DATA)
VEICULO: TITULO (DATA)