Bolsa 19/15602-2 - Etnomusicologia, Artes - BV FAPESP
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Vapor: a produção de localidade e as disputas de sentido no Vaporwave

Processo: 19/15602-2
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Iniciação Científica
Data de Início da vigência: 01 de setembro de 2019
Data de Término da vigência: 31 de julho de 2021
Área de conhecimento:Ciências Humanas - Antropologia
Pesquisador responsável:Rose Satiko Gitirana Hikiji
Beneficiário:Lucca Palmieri
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Vinculado ao auxílio:16/05318-7 - O musicar local: novas trilhas para a etnomusicologia, AP.TEM
Assunto(s):Etnomusicologia   Artes   Política   Música eletrônica
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Antropologia | Arte | etnomusicologia | música | Política | Vaporwave | Etnomusicologia

Resumo

O objeto da pesquisa é o Vaporwave. Este surgiu como um microgênero da música eletrônica no começo da década de 2010, sendo criado a partir de comunidades online e fóruns, como o Reddit, 4chan, Tumblr e YouTube. A produção musical e artística Vaporwave inteira se construiu e se constrói nestes espaços, sendo compartilhada em forma de vídeos ou álbuns, no Bandcamp, Soundcloud e no próprio Youtube. O nome Vaporwave deriva de duas noções: da expressão Vaporware, e alude à famosa passagem de Karl Marx no Manifesto Comunista "Tudo o que é sólido desmancha no ar", se referindo às constantes mudanças impostas pelo capitalismo. Ambas se relacionam no sentido de uma crítica social, propondo reflexões sobre tecnologia, consumo e o capitalismo tardio. Os primeiros trabalhos que podem ser classificados como obras Vaporwave são os álbuns EccoJams Vol.1 (2010) de Daniel Lopatin (sob o pseudônimo de Chuck Person), Far Side Virtual (2011) de James Ferraro e Floral Shoppe (2011) de Ramona Xavier (sob o pseudônimo de Macintosh Plus). A experiência proposta pelo microgênero perpassa de forma muito íntima a sua forma e conteúdo musical. Utilizando distorções exageradas, som grave e ritornelos repetitivos cria-se uma sensação de deslocamento da realidade. Somando esse conjunto de técnicas às referências musicais do som que é remixado -- que evocam de certa forma uma nostalgia de algo que foi e não foi, uma nostalgia dos sonhos que tivemos outrora, por assim dizer -- temos que o Vaporwave é algo que constantemente se atualiza, baseado sempre nessas noções de nostalgia e "desacoplamento" da realidade. A experiência da fruição desses objetos culturais é justamente vivenciar e transitar nestes espaços de rememoração, reverberação e plasticidade temporal. Dessa maneira, nesta pesquisa ativa-se o conceito de localidade, como proposto por Arjun Appadurai. Isto é, a noção de localidade é contemplada como estrutura sentimentos, criada e reproduzida por um grupo, a fim de garantir um espaço onde possa viver, produzir e reproduzir-se num ambiente de segurança moral. A partir da mobilização da nostalgia, por meio do seu musicar, é possível formular a hipótese de que o Vaporwave cria uma localidade própria, confeccionada e reproduzida pelos nativos deste grupo específico. O conceito de musicar abrange maiores possibilidades de análise e compreensão no campo da etnomusicologia, considerando a performance como apenas uma de uma miríade dessas formas. A partir de Small, pode-se elucubrar sobre a discussão musical, o download e comércio de músicas ou a mera escuta como formas do musicar. Atualmente, é verificável, em diversas redes sociais, uma série de ''remixes'' do Vaporwave, unindo-o a temas políticos, desenhos ou qualquer coisa que seja. Em maior evidência, existe a apropriação por uma parte de usuários associados à direita e extrema-direita, os quais convergem o som e estética Vaporwave com imagens de líderes ou símbolos de tal ideologia, como Margaret Thatcher, Jair Bolsonaro ou Donald Trump. O objetivo desta pesquisa seria, portanto, analisar e buscar compreender de que maneira a localidade nostálgica opera, e de que forma ela é/pode ser ativada por discursos dos mais diversos tipos.

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