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O sobrevivente insalvável: tempo e imagem em A quarta cruz de Weydson Barros Leal

Texto completo
Autor(es):
Danielle Marinho
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da Linguagem
Data de defesa:
Membros da banca:
Eduardo Sterzi; Pedro Emanuel Rosa Grincho Serra; Alcir Pécora
Orientador: Eduardo Sterzi
Resumo

Se a questão que se impõe na atualidade é a da sobrevivência do homem em uma terra devastada ¿ numa dimensão ambiental e civilizacional ¿ e se há ainda um esforço de criação em meio a essa dispersão, como o é a tentativa poética, o mundo que então se revela não é feito de presença e inteireza, é um mundo cuja imagem encontra-se também arruinada. O poeta que, hoje, opta por lidar com essa destruição, cria no poema um campo de ressurgências de imagens e palavras, no qual vibra, como potência daquilo que é resto, o fato de elas terem resistido, apesar de tudo. Nesse contexto a obra "A quarta cruz", de Weydson Barros Leal, adquire ainda mais densidade, pois suas figurações são visões da crise, da ruína, da perda de imagem, ou da imagem que se dá apesar da destruição. A cruz de Weydson Leal é talhada no tempo, na memória, na desesperança; é cinza que sobrevive ao incêndio, à catástrofe da palavra, ao grito do silêncio; é visão do escuro, forma do excesso, presença do vazio. Suas imagens poéticas lampejam em desaparecimentos e reaparições, dando corpo ao que denominamos, com base em Georges Didi-Huberman, uma poética da sobrevivência. Se essa marca inventiva puder ser considerada não só em sua dimensão de crise, mas também como análise dessa crise, então, de algum modo, os resquícios e ruínas da imagem do mundo que constituem sua poética organizam nossa consciência de sermos sobreviventes, isto é, organizam nosso pessimismo, pois estabelecem a sobrevivência das palavras e das imagens quando a nossa própria sobrevivência encontra-se comprometida. Voltando-se para o futuro, o poeta não pode redimir sua obra, pois sua condição é a vida que lhe resta, tardia, irreparável, insalvável, como a define Giorgio Agamben. Cabe-lhe, por fim, afirmar que o homem é destrutível e indestrutível, e a partir desse paradoxo disseminar sobrevivências (AU)

Processo FAPESP: 13/01122-2 - O visionarismo poético na obra de Weydson Barros Leal
Beneficiário:Danielle Marinho
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado