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Influência da suplementação de cajá no processo de remodelação cardíaca induzido pela exposição à fumaça do cigarro em ratos

Texto completo
Autor(es):
Maria Angélica Martins Lourenço
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Botucatu. 2017-04-12.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Faculdade de Medicina. Botucatu
Data de defesa:
Orientador: Marcos Ferreira Minicucci; Paula Schmidt Azevedo Gaiolla
Resumo

Introdução: Os efeitos da exposição à fumaça do cigarro (EFC) sobre o sistema vascular são amplamente conhecidos, entretanto, estudos recentes mostram que esta exposição resulta em efeitos maléficos diretos ao miocárdio levando à remodelação cardíaca (RC). Devido ao grande impacto sócio econômico e às altas taxas de mortalidade, torna-se relevante a identificação de fatores que modulem o processo de RC e podemos destacar a suplementação de alimentos com propriedades antioxidantes, como o cajá (Spondias mombin). Objetivo: Avaliar a influência da suplementação de cajá no processo de remodelação cardíaca induzido pela exposição à fumaça do cigarro em ratos. Materiais e métodos: O estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira etapa foram estudados três grupos não expostos à fumaça do cigarro: C0 (controle + ração padrão); C100 (controle + cajá 100 mg/kg de peso/dia); C250 (controle + cajá 250 mg/kg de peso/dia). Após dois meses de suplementação os animais foram submetidos a um ecocardiograma. Na segunda etapa, considerando não haver diferença na comparação entre C0, C100 e C250, as análises foram realizadas com os seguintes grupos: C0 (controle + ração padrão); F0 (fumo + ração padrão); F100 (fumo + ração padrão acrescida de cajá a 100 mg/kg de peso/dia) e F250 (fumo + ração padrão acrescida de cajá a 250 mg/kg de peso/dia). A suplementação de cajá foi realizada por meio da casca e polpa da fruta homogeneizadas e acrescidas na ração padrão. Após a suplementação por 2 meses foi realizado estudo funcional, morfométrico e bioquímico. Para as variáveis paramétricas, foi realizado o teste ANOVA de 1 (pós-teste de Tukey) e os valores obtidos foram apresentados em média ± desvio padrão. Para as variáveis não paramétricas, foi realizado o teste de Kruskal-Wallis (pós-teste de Dunn) e os valores obtidos foram apresentados em mediana e intervalo interquartil. As variáveis foram consideradas não paramétricas quando não passaram pelo teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: Os animais fumantes (F0, F100 e F250) apresentaram consumo de ração e peso corporal final (PC) inferior aos animais controle (C0). Considerando a dosagem de cotinina sérica, os animais fumantes apresentaram maior concentração em comparação com os animais controle. Entretanto, na comparação entre os grupos fumantes não houve diferença estatisticamente significante. A EFC induziu alterações morfológicas e morfométricas no ventrículo esquerdo (VE), visto pelos valores maiores de diâmetro diastólico e sistólico do VE ajustados pelo PC (DDVE/PC e DSVE/PC, respectivamente), área e diâmetro do átrio esquerdo ajustado pelo PC (ÁREA AE e AE/PC, respectivamente), índice de massa do VE (IMVE), peso do VE ajustado pelo PC (VE/PC) e área seccional do miócito (ASM) em relação aos animais controle. Já os animais suplementados com cajá a 250 mg/kg de peso/dia apresentaram menores valores de DDVE/PC, ÁREA AE e ASM em comparação com o grupo F0. Não houve diferença estatisticamente significante para as variáveis do estudo do coração isolado. Em relação ao estresse oxidativo, o grupo F0 apresentou maior concentração de hidroperóxido de lipídico (HL) em comparação com o grupo C0 e os animais suplementados com cajá a 100 e 250 mg/kg de peso/dia apresentaram menores valores em comparação com o grupo F0. Os animais fumantes apresentaram menor valor de atividade de catalase (CAT) em comparação com animais controle. O grupo F0 apresentou menor valor de atividade de superóxido dismutase (SOD) em comparação com o grupo C0 e os animais suplementados com cajá a 100 e 250 mg/kg de peso/dia apresentaram maiores valores de atividade de SOD em comparação com o grupo F0. Os animais fumantes apresentaram menor valor de atividade de glutationa peroxidase (GSHPx) em comparação com o grupo C0, sendo que os animais suplementados com cajá a 100 e 250 mg/kg de peso/dia apresentaram maior valor de atividade de GSH-Px em comparação com o grupo F0. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na concentração de proteína carbonila e no teste do cometa tanto em relação ao efeito da EFC quanto da suplementação de cajá. Em relação ao metabolismo energético, o grupo F0 apresentou menor valor de atividade da enzima ß-hidroxiacil Coenzima A desidrogenase (ß-OH Acil CoA-DH) quando comparado ao grupo C0. Já o grupo F100 apresentou valores maiores de ß-OH AcilCoA-DH em comparação com o grupo F0. Considerando a atividade da fosfofrutoquinase (PFK) e lactato desidrogenase (LDH), os grupos F0 e F100 apresentaram maior atividade destas enzimas em comparação com o grupo C0. O grupo F250, por sua vez, apresentou menor atividade de PFK e LDH em comparação ao grupo F0 e F100. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes em relação à atividade da piruvato desidrogenase (PDH). Os grupos fumantes apresentaram valores inferiores referentes à atividade da citrato sintase (CS) em comparação com o grupo C0. E o grupo F250 apresentou valores superiores de CS em comparação ao grupo F0. Em relação ao complexo I, os grupos fumantes obtiveram valores inferiores quando comparados ao grupo C0 e o grupo F250 apresentou maiores valores em relação ao grupo F0 e ao grupo F100. Considerando a análise da atividade do complexo II, os grupos F0 e F100 apresentaram menores valores quando comparados ao grupo C0 e o grupo F250 apresentou maiores valores em relação aos grupos F0 e F100. Já em relação à atividade da ATP sintase, os grupos fumantes apresentaram menores valores em comparação ao grupo C0. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na expressão proteica de fator nuclear derivado de eritróide-2 (NRF- 2), sirtuina 1 (SIRT-1), fator nuclear-kB total (NFkB), fator nuclear-kB fosforilado (pNFkB), relação NFkB/pNFkB, interleucina 10 (IL-10), intérferon gamma (IFN-γ), colágeno tipo I e tipo III. Conclusão: A EFC resultou em RC, piorou o estresse oxidativo e alterou o metabolismo energético cardíaco. A suplementação de cajá atenuou o processo de RC, melhorou o estresse oxidativo e as alterações no metabolismo energético induzidos pela EFC em ratos. (AU)

Processo FAPESP: 14/21310-0 - Influência da suplementação de cajá no processo de remodelação cardíaca induzido pela exposição à fumaça do cigarro em ratos
Beneficiário:Maria Angelica Martins Lourenço
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado