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Portugueses, moradores e Sobas em Golungo Alto, Angola: negociação e conflito em narrativas de militares, (c.1840-c.1860)

Texto completo
Autor(es):
Felipe Vilas Bôas
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Lucilene Reginaldo; Maria Cristina Cortez Wissenbach; Elaine Ribeiro da Silva dos Santos
Orientador: Lucilene Reginaldo
Resumo

Compreender como se constituíram as relações coloniais estabelecidas entre portugueses, moradores e Sobas no distrito de Golungo Alto, Angola, a partir de narrativas colonias é o objetivo central deste trabalho, que discute a importância de tais relações para a interiorização portuguesa no entremeio do século XIX e configuração de novos arranjos políticos africanos. A investigação teve como fonte privilegiada textos de pequenos agentes coloniais de carreira militar que circularam pelo interior de Angola entre as décadas de 1840 e 1860. O período abarcado pela pesquisa foi de fortes discursos de mudanças políticas e econômicas da atuação portuguesa em Angola, inseridos em um debate mais amplo acerca das possibilidades de ocupação efetiva deste território africano. Dito de outra forma, a paulatina bancarrota do tráfico legal de escravizados exigia uma ação portuguesa de maior inserção no território africano, o que levou ao incentivo da atividade agrícola e extrativa para fins comerciais de exportação, abrindo caminho para novas possibilidades comerciais aos moradores e novos processos de interação entre portugueses e comunidades africanas tradicionalmente mediadas pelos Sobas. O material empírico aqui analisado atesta esta tendência e permite verificar a inconstância das ações coloniais portuguesas ao longo do século XIX e a participação de mestiços e africanos, seja em reação as novas exigências externas trazidas pela administração colonial ou ainda em suas próprias iniciativas visando o melhor prover na empresa comercial. A maioria das narrativas criticamente analisadas diz respeito a visitas, vistorias e campanhas militares realizadas nos sertões de Angola por funcionários coloniais pertencentes ao corpo militar. Conquanto, mesmo em uma documentação assinalada pelos interesses coloniais foi possível perceber a agência africana, especialmente no que diz respeito à ação comercial, que permitiu a moradores e Sobas da região do Golungo Alto o protagonismo em diversos momentos, desde o monopólio sobre a mão de obra africana, passando pela resistência ao serviço de carreto até as tentativas de controle da circulação de mercadorias (AU)