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Gênero, raça e colonização : a brasilidade no olhar do discurso turístico no Brasil e na França

Texto completo
Autor(es):
Glória da Ressurreição Abreu França
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da Linguagem
Data de defesa:
Membros da banca:
Thiery Guilbert; Lauro José Siqueira Baldini; Luca Greco; Nádia Régia Maffi Neckel
Orientador: Monica Graciela Zoppi Fontana; Marie Anne Paveau
Resumo

Nesta tese, inscrita no âmbito da Análise do Discurso (PÊCHEUX), temos o propósito de analisar os discursos turísticos (nosso objeto), a partir de um recorte teórico-analítico que propõe pensar os discursos enquanto gendrados e racializados. Para tanto, constituímos um arquivo a partir de diversas materialidades: impressas (o Guide du Routard, o Guia da Folha de São Paulo e o Guia 4 Rodas), publicados entre 2013 e 2014; e formuladas no ambiente digital (um álbum de fotografias publicado na página oficial do Ministério do Turismo, no Facebook; um documento publicado no site deste órgão, vinculado a uma campanha divulgada durante os preparativos para a Copa do Mundo, de 2014; e o fórum de discussão do Guide du Routard). Identificamos um duplo dispositivo no funcionamento do arquivo, que para fins analíticos chamamos de turismo oficial (que se textualiza nas diferentes materialidades) e turismo oficioso (o que formula e faz circular os discursos sobre o turismo sexual, que circula apenas no digital). Para a constituição dos recortes analíticos, tanto na delimitação do arquivo, do corpus e dos recortes, utilizamos a noção de espaço de enunciação (GUIMARÃES), dado que trabalhamos com discursos produzidos em dois espaços de enunciação, da França e do Brasil. Uma das formulações que nos levaram a pensar a proposta teórica de se levar em conta a dimensão de gênero (BUTLER, SCOTT) e de raça/etnia (DORLIN, CARNEIRO, CESTARI) no âmbito dos estudos do discurso, foi a que fala da mulher negra como a bela mulata, além das que falam da mestiçagem/miscigenação como processo naturalizado, vinculado a um discurso da harmonia racial. A dimensão de raça no discurso é analisada nas formas de se determinar os sentidos de indígena, afro-brasileiro, negro, mulato, mestiço na relação com a brasilidade. A essa proposta associamos igualmente, como base teórica deste trabalho a noção de memória (PÊCHEUX, COURTINE, ROBIN), para pensar os efeitos de sentido sustentados na memória da colonização, da imigração e da alteridade. Analisamos a constituição dos elementos de valor turístico, a partir dos discursos da museificação, da patrimonialização e da fetichização, que, vinculados à memória da colonização e da imigração, produzem discursos identitários. Estes discursos projetam um sentido de Brasil que não se parece com o Brasil (o Sul do país) e um Brasil-mestiço, que não chega a se formular como brasileiro (as diferentes raças/etnias não são formuladas como brasileiras). A análise nos permitiu pensar igualmente na produção do efeito turista que se formula nos discursos turísticos contemporâneos (AU)

Processo FAPESP: 13/13988-4 - Análise discursiva das imagens do Brasil e do ser brasileiro(a) nos discursos do turismo em diversos espaços de enunciação francófonos e lusófonos
Beneficiário:Glória da Ressurreição Abreu França
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado