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O valor na ontologia lukácsiana: alcances e limites

Texto completo
Autor(es):
Murillo Augusto de Souza Van der Laan
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Jesus José Ranieri; Ricardo Antunes; Sávio Cavalcante; João Leonardo Gomes Medeiros; Anderson Deo
Orientador: Jesus José Ranieri
Resumo

A presente tese tem como objetivo realizar uma discussão sobre os alcances e limites da teoria do valor avançada por György Lukács, em sua obra Para uma ontologia do ser social, publicada postumamente. Acompanhando as interpretações desse trabalho e inspirando-nos, sobretudo, nas breves considerações de Peter Hudis e na incisiva crítica imanente de István Mészáros ¿ mas apresentando algumas diferenças menores para com essas interpretações ¿, argumentamos que a leitura lukácsiana da teoria do valor de Marx contrasta com a própria perspectiva marxiana, o que termina por ter um impacto negativo em todo o arcabouço teórico da Ontologia. Na base da reprodução do ser social, teorizada na obra póstuma de Lukács, encontramos a generalização, para todas as formações sociais, da teoria do valor marxiana e com ela de aspectos que, a nosso ver, são específicos da produção capitalista: o caráter indiretamente social da produção, a opacidade das valorações econômicas, a compulsão da redução do tempo de trabalho e a categoria tempo de trabalho socialmente necessário. Essa generalização indevida resulta em uma ruptura com a própria demanda lukácsiana por uma abordagem radicalmente histórica. É colocada em movimento, ademais, atribuindo um papel central às trocas de mercadorias no processo histórico de desenvolvimento do ser social, em um desdobramento que levaria, necessariamente, o ser social a uma unificação. Nesse sentido, argumentamos que Lukács dá continuidade à análise a-histórica do ser social recorrendo ao anacronismo de imputar características capitalistas às trocas pré-capitalistas para justificar um suposto movimento necessário e compulsório de redução do tempo de trabalho. Assim, além de romper com o princípio da historicidade, Lukács rompe também com outra demanda por ele mesmo delineada na Ontologia: a abordagem anti-teleológica do movimento do ser social. Esses problemas reaparecem, por fim, na perspectiva de estranhamento e de emancipação humana avançadas por Lukács. Aqui, reencontramos a afirmação da validade a-histórica da teoria do valor marxiana e a compulsoriedade da redução do tempo de trabalho que dão um caráter insuperavelmente heterônomo ao âmbito econômico ¿ não obstante a possibilidade, afirmada na Ontologia, de mitigar seus efeitos. Com isso, argumentamos que, além de contrastar com a própria perspectiva marxiana sobre a qual procura se apoiar, Lukács rebaixa a ideia de emancipação humana e a capacidade da práxis, sobretudo em sua dimensão coletiva. A despeito de tais problemas, encontramos também na Ontologia uma perspectiva de totalidade que articula de maneira profícua natureza, indivíduo e sociedade, recorrendo a uma abordagem co-evolutiva entre ser inorgânico, ser orgânico e ser social e a uma interação entre subjetividade e objetividade ¿ o que tem importância contemporânea, mas que é comprometida pela interpretação que Lukács faz da teoria do valor-trabalho de Marx (AU)

Processo FAPESP: 14/10520-4 - O valor na ontologia lukácsiana: avanços e limites
Beneficiário:Murillo Augusto de Souza van der Laan
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado