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Experimentos no escritório: uma história da microeconometria e avaliação de programas em Princeton

Texto completo
Autor(es):
Arthur Brackmann Netto
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Pedro Garcia Duarte; Orley Clark Ashenfelter; Marcel Boumans; Kevin Douglas Hoover
Orientador: Pedro Garcia Duarte
Resumo

Esta tese tem a intenção de se somar aos esforços recentes de economistas e historiadores em contar a história da microeconometria. Isso acontece por meio de uma narrativa que conecta a ascensão da avaliação de programas no governo dos Estados Unidos e na universidade Princeton. Começando com o fato de que a maioria dos economistas não tem nenhum controle sobre o processo de geração dos dados utilizados em suas análises aplicadas, o argumento se desenrola para destacar o papel dos econometristas como observadores passivos. A análise se desenvolve destacando como esse conceito resume a responsabilidade da econometria por dados não experimentais. A tese narra como, desde a década de 1950, os economistas sabem que não podem intervir nos dados que analisam e devem estar preparados para lidar com qualquer problema inerente à coleta externa de dados. Usando métodos bibliométricos e fontes secundárias, a tese argumenta que a microeconometria emergiu da mudança de compreensão das observações passivas como simultaneidade para as observações passivas como variáveis omitidas. Este argumento holístico é contrastado com uma microhistória das instituições governamentais dos EUA para avaliação de programas e da Seção de Relações Industriais de Princeton. Assim, conta como, na década de 1970, a pobreza estava aumentando nos Estados Unidos e os economistas estavam mais preocupados com ela do que com o aspecto teórico e filosófico das observações passivas. Nas organizações do governo dos Estados Unidos, a avaliação do programa passou de um tema qualitativo nas ciências sociais para um problema quantitativo dentro da economia. A tese segue de perto esse desenvolvimento usando metodologias de processamento de linguagem natural, arquivos do governo dos Estados Unidos e histórias orais de membros do Office of Economic Opportunity. A partir dessa narrativa, a tese mostra como a avaliação de programa sai do governo e vai para o interior de um departamento de economia, mais especificamente a Seção de Relações Industriais de Princeton. Olhando de perto o departamento, a tese contrasta as soluções de dois jovens estudiosos de Princeton para o problema das variáveis omitidas, o modelo de seleção de James Heckman e o estimador de diferenças em diferenças de Orley Ashenfelter, para demonstrar que o confronto entre randomistas e modeladores estruturais é um artifício criado a partir de duas soluções para o mesmo problema. Bibliometria (utilizando a metodologia inovadora de redes relacionadas), evidências primárias e secundárias demonstram que as soluções não eram concorrentes nos primeiros dias de variáveis omitidas, e que a concorrência resultou de uma mudança de contextos dos principais autores. Por fim, ainda de um ponto de vista de dentro do departamento, a partir de nove entrevistas realizadas com atores da Seção de Relações Industriais das décadas de 1970 e 1980, a tese analisa como os experimentos naturais se desenvolveram gradativamente dentro do departamento, sem revoluções ou reviravoltas. A tese conclui mostrando como as tarefas corriqueiras da vida acadêmica de Ashenfelter e seus alunos transformaram a economia. (AU)

Processo FAPESP: 18/07105-6 - Experimentos Fora do Laboratório como uma História da Econometria
Beneficiário:Arthur Brackmann Netto
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado