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Dinâmica populacional de capivaras em paisagens modificadas pelo homem e sua relação com a Febre Maculosa Brasileira

Texto completo
Autor(es):
Beatriz Lopes
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Piracicaba.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALA/BC)
Data de defesa:
Membros da banca:
Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz; Patricia Ferreira Monticelli; José Roberto de Alencar Moreira; Adriano Pinter dos Santos
Orientador: Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz
Resumo

A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) é o hospedeiro principal do carrapato-estrela (Amblyomma sculptum), que por sua vez é vetor da bactéria Ricketssia rickettsii, agente etiológico da Febre Maculosa Brasileira (FMB), uma doença altamente letal em humanos. Além de ser hospedeira do carrapato, a capivara também atua como amplificadora da bactéria através da contínua introdução de animais susceptíveis na população (i.e. filhotes). Estudos anteriores têm sugerido uma relação causal entre a ecologia populacional de capivaras e a emergência da FMB, já que foram encontradas maiores abundâncias de carrapatos em áreas endêmicas, e a importância dos filhotes como amplificadores da bactéria. Assim, objetivamos analisar a variação do número de indivíduos em populações de capivaras em paisagens modificadas pelo homem (HMLs) em áreas endêmicas (n = 3) e não-endêmicas (n = 4) da FMB, no estado de São Paulo. Nós realizamos contagens diretas dos indivíduos por 4 anos (de janeiro/2015 a dezembro/2018) para descrever a flutuação populacional e estimar os índices de abundância e densidade entre as áreas endêmicas e não-endêmicas para FMB. Não encontramos um padrão único de flutuação populacional, ao contrário, cada grupo monitorado mostrou um comportamento de variação de indivíduos específico. O único padrão observado foi o de incremento de filhotes, o qual diferiu entre áreas endêmicas e não-endêmicas. O período de incremento de filhotes na população ocorreu mais cedo nas áreas endêmicas, em julho/agosto, enquanto que nas áreas não endêmicas ocorreu após o mês de setembro. Os índices de abundância e densidade diferiram significativamente entre as áreas (valor-P < 0.001), sendo maiores em áreas endêmicas (24 &#177; 14 individuals and 85 &#177; 62 individuals/km2) do que não-endêmicas (12 &#177; 8 individuals and 33 &#177; 21 individuals/km2). Os resultados aqui apresentados são os primeiros sobre flutuação populacional de capivaras em HMLs, e também os primeiros a comparar índices de abundância e densidade entre áreas endêmicas e não endêmicas para a FMB. Nossos resultados são relevantes para compreender as relações ecológicas entre capivaras, carrapatos, ambiente e a emergência da FMB no estado de São Paulo. Reforçam ainda a necessidade de investigar melhor como as alterações antrópicas da paisagem determinam mudanças comportamentais e populacionais, as quais podem desencadear a incidência e o espalhamento da doença. Tais informações são essenciais para o estabelecimento de estratégias e programas de prevenção e controle da FMB. (AU)

Processo FAPESP: 19/10005-6 - Ecologia espacial de capivaras e onças pardas em paisagens antropizadas
Beneficiário:Beatriz Lopes
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado