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Predizendo sombras de sementes em diferentes contextos ambientais: uma abordagem da modelagem para um frugívoro arborícola

Texto completo
Autor(es):
Eduardo Miguel Zanette
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Rio Claro. 2023-04-27.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Instituto de Biociências. Rio Claro
Data de defesa:
Orientador: Laurence Marianne Vincianne Culot; Ronald Bialozyt; Eckhard W Heymann
Resumo

A dispersão endozoocórica de sementes mantem a estrutura e dinâmica de florestas, sendo um processo central na manutenção da biodiversidade de florestas tropicais. Neste cenário, primatas Neotropicais tem papel central ao dispersar sementes ao longo de suas áreas de vida. Entretanto, os altos níveis de degradação e fragmentação do hábitat destes primatas resultaram em fragmentos florestais de diferentes tamanhos e formas e com diferentes distribuições de recursos, levando à uma possível alteração do papel funcional deles como dispersores de sementes. Apesar do aumento do número de estudos sobre dispersão de sementes por primatas durante as últimas décadas, ainda é incerto como o serviço de dispersão de sementes será afetado por características locais dos fragmentos. Recentemente, no entanto, o desenvolvimento de modelos baseados em agente (ABMs) capazes de predizer o movimento dos primatas e as sombras de sementes resultantes abriram novas perspectivas. O mico-leão-preto, (Leontopithecus chrysopygus ou “mico”), é um efetivo dispersor de sementes endêmico da Mata Atlântica. Seu hábitat está entre os mais fragmentados entre as espécies de primatas Neotropicais. Nesse estudo, eu desenvolvi e validei um ABM para predizer os padrões de dispersão de sementes pelo mico-leão-preto. No primeiro capítulo, eu explorei os padrões de movimento de quatro grupos habitando quatro fragmentos florestais. Eu concluí que os padrões de movimento diferem extensivamente e que esses padrões podem ser modulados pelas propriedades do fragmento (tamanho e forma), muito provavelmente afetando a dispersão de sementes (especialmente a distância média). A partir destas análises, eu derivei “regras” para implementação do ABM desenvolvido no Capítulo 2, onde eu adaptei um modelo previamente desenvolvido para uma espécie de calitriquídeo amazônico para o mico-leão-preto. A maioria dos padrões (isso é, as variáveis que emergem do modelo), especialmente a distância de dispersão (SDD), tamanho da área de vida e deslocamento diário (DPL), foram bastante similares ao observado na natureza. Além disso, o modelo foi capaz de reproduzir outros padrões não inicialmente considerados durante o desenvolvimento do modelo, como a taxa de movimento (MR) e tortuosidade da rota (PT), portanto destacando o potencial do modelo em predizer a sombra de sementes em diferentes fragmentos florestais. O único problema evidente do modelo foi que ele não reproduziu tão bem o tamanho da área de vida na floresta contínua, onde os micos têm a maior área de vida registrada para a espécie. Além disso, eu discuti as implementações do modelo e os processos que talvez não estejam nele representados, como a territorialidade e interações com conspecíficos, em relação à mais recente literatura sobre movimento e ABMs. No Capítulo 3, eu gerei fragmentos teóricos com formas, tamanhos e distribuição de recursos variáveis. Eu fiz isso por meio de um gerador de florestas e utilizo o tamanho da área de vida previsto por um modelo estatístico com base no tamanho do fragmento e na densidade populacional dos micos. Por fim, gerei a distribuição de recursos a partir de um processo de ponto de Thomas. Resultados preliminares apontam a densidade de micos como o principal fator afetando a SDD, seguido pelo DPL e MR, enquanto a distância entre arvores frutíferas (agregação dos recursos) se mostrou pouco influente. A simples parametrização do modelo com velocidades empíricas e estimativas de tempo de consumo (feeding bouts) e tempo de passagem pelo trato digestório, em conjunto com um submodelo energético, são suficientes para predizer grande parte da variação nos padrões de sombra de sementes. Apesar das análises sugerirem ser necessário implementações de alguns processos não inclusos no modelo, esses quais diminuem a capacidade preditiva do modelo (como a territorialidade), destaco que o ciclo de modelagem deve continuar, com enfoque especial em implementar regras mais mecanísticas – isto é, aquelas que dependam menos de parameterizações e conhecimentos ad hoc -, retirando a necessidade de estimar uma velocidade média de deslocamento para cada grupo. Eu espero que essa dissertação contribua para um maior entendimento dos padrões de movimento e de dispersão de sementes dos mico-leões-pretos, e que estimule futuros esforços de modelagem e amostragem. (AU)

Processo FAPESP: 20/11129-8 - Predizendo sombras de sementes em diferentes contextos ambientais: uma abordagem da modelagem para um frugívoro arbóreo
Beneficiário:Eduardo Miguel Zanette Correia
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado