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Os lugares da marinhagem: trabalho e associativismo em Manaus, 1905-1919

Texto completo
Autor(es):
Caio Giulliano de Souza Paião
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Fernando Teixeira da Silva; Claudio Henrique de Moraes Batalha; Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro; Aldrin Armstrong Silva Castellucci; David P Lacerda
Orientador: Fernando Teixeira da Silva
Resumo

O advento da navegação a vapor no rio Amazonas, a partir de 1853, foi um projeto que imbricou noções de modernidade e progresso a um processo de racialização do trabalho marítimo. No caso, a racialização é um elemento-chave para discutir lugares de subalternidade designados para os ocupantes de convés e de fogo, na maioria, descendentes de indígenas e africanos. A separação dessas funções concebida pelo oficialato não se limitava à organização das tarefas de bordo, mas buscava ser expandida para interditar a autonomia da marinhagem fora dos navios. O porto de Manaus é o mundo desembarcado analisado aqui, transformado no início do século XX para atender a alta demanda pela borracha amazônica. A escolha dos marítimos pela matrícula em Manaus informa aspirações próprias de liberdade naquele espaço, cuja modernização implicava num apagamento da influência indígena e africana daquela vida portuária. O período estudado abarca o momento em que as associações de marítimos ressignificaram os lugares ocupados nos ofícios para galgar participação política no regime republicano, contrapondo-se à naturalização da inferioridade dos trabalhadores braçais e à exclusão de sua cidadania. O recorte temporal inicia-se com a criação da primeira associação por ofício, em 1905, abrange motins e greves no curso da Grande Guerra, e encerra-se em 1919, quando os marítimos amazonenses propuseram a inserção da categoria na legislação social. Até então, a marinha mercante estava sujeita à jurisdição militar e proibida de reivindicar direitos junto à classe trabalhadora. Esta tese problematiza a subordinação imposta à marinhagem por viés jurídico, profissional e associativo, considerando a imposição de lógicas de racialização dos anos seguintes ao fim da escravidão. E discute a agência dos marítimos em criarem seus próprios lugares nos espaços físicos, nos locais de trabalho e no associativismo. Veremos o papel desses lugares no "fazer-se" de uma categoria, revisitando temas da História Marítima, da "era das velas" e do tráfico atlântico, para perceber continuidades e mudanças na "era dos vapores" em uma região distante do litoral (AU)

Processo FAPESP: 18/18252-0 - Trabalho, vida associativa e movimento operário: os marinheiros no Porto de Manaus (1905-1945)
Beneficiário:Caio Giulliano de Souza Paião
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado