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A casa do homem de bem: masculinidade, civilização e domesticidade no Brasil (1870-1920)

Texto completo
Autor(es):
Pedro Beresin Schleder Ferreira
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/SBI)
Data de defesa:
Membros da banca:
Ana Lucia Duarte Lanna; Vânia Carneiro de Carvalho; Durval Muniz de Albuquerque Júnior; Heloisa André Pontes; Joana Mello de Carvalho e Silva
Orientador: Ana Lucia Duarte Lanna
Resumo

Este trabalho tem como objetivo investigar como, entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, a difusão de novos padrões de masculinidade e de domesticidade no Brasil esteve articulada com um projeto das elites nacionais para civilizar a nação brasileira. Ambicionando transformar a ex-colônia recém-independente, que ainda em muito se assemelhava ao seu passado colonial, em uma nação civilizada, branca, urbana e industrializada, à imagem das nações europeias que tomavam como modelo, as elites intelectuais e políticas problematizavam a população brasileira e traçavam projetos para reformá-la. Nesse contexto, o homem de bem ideal de homem branco, viril, moralizado, disciplinado e civilizado despontava na imaginação dessas elites como o grande protagonista desse processo civilizatório, que seria responsável por instituir a ordem e promover o progresso da sociedade. Cientes de que os homens não nasciam prontos, para formar homens de bem, os educadores da nação intelectuais, médicos, políticos, moralistas, escritores, editores formularam um projeto de educação moral masculina, que deveria ser realizado a partir de uma estreita articulação entre as esferas públicas e privadas. Para promover a associação entre a casa e a escola, entre a família e o Estado, entre o indivíduo e a sociedade, os educadores da nação escreveram, traduziram, editaram e divulgaram textos e livros de prescrição masculina, através dos quais procuraram difundir novos padrões de virilidade, hombridade, racialidade, produtividade, disciplina e moralidade. Dentre as temáticas abordadas nos livros, a vida familiar e a domesticidade burguesa eram assuntos centrais, sendo analisadas, problematizadas, prescrutadas e normatizadas a fim de serem mobilizadas para controlar, disciplinar e regrar os prazeres, os afetos, a imaginação, os anseios, as aspirações, a produtividade e os desejos dos homens. Através da análise desses livros e textos, investigamos como os educadores da nação procuraram instituir um modelo masculino e difundir a domesticidade burguesa para poderem guiar e ordenar as energias dos indivíduos em prol de seu projeto civilizatório. Analisando seus mecanismos de ação e persuasão; de instauração de verdades; de produção de subjetividades e identidades e de orientação dos desejos, procuramos fazer uma espécie de história pública da vida privada, investigando como através das normativas foram construídas articulações e entrelaçamentos entre as aspirações civilizatórias das elites, os interesses das famílias e os anseios dos indivíduos. (AU)

Processo FAPESP: 17/25133-4 - A construção do conforto doméstico: cotidiano, consumo e distinção entre os setores médios de São Paulo (1870-1920)
Beneficiário:Pedro Beresin Schleder Ferreira
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado