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Redes indígenas e missionárias: descimentos carmelitas e reducciones jesuíticas entre omáguas, yurimáguas, aysuares e manaos (1686-1757).

Texto completo
Autor(es):
Fernanda Aires Bombardi
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Eduardo Natalino dos Santos; Camila Loureiro Dias; Mark Harris; Auxiliomar Silva Ugarte
Orientador: Eduardo Natalino dos Santos
Resumo

Nesta pesquisa, analisamos as reducciones, realizadas por jesuítas ligados à Província de Quito, e os descimentos, conduzidos por carmelitas enviados pela Coroa portuguesa, promovidos junto aos omáguas, yurimáguas, aysuares e manaos. Os focos analíticos da tese incidem sobre três aspectos: os acordos que firmavam as bases para a redução ou descimento, as experiências de deslocamento e os processos de territorialização dos indígenas nas missões. Para tanto, realizamos a análise de um amplo conjunto de fontes de diversos agentes colonizadores, que se encontra em 16 arquivos e bibliotecas nacionais e estrangeiras. As investigações compreendem o período que vai do ano de 1686 até o ano de 1757, e a área de estudo concentra-se no eixo do rio Amazonas entrecortado pelos rios Napo, Içá, Japurá e Negro, região reivindicada como sendo pertencente tanto aos territórios coloniais de Portugal quanto de Espanha e onde as relações interétnicas entre os grupos indígenas, analisados nesta pesquisa, eram intensas. Defendemos que os descimentos e reducciones foram tecidos em três conjunturas distintas (1686-1700; 1701-1721; 1722-1757), nas quais o controle territorial indígena, materializado fundamentalmente pelas redes comerciais nativas de longa distância, foi sendo substituído por uma rede de missões religiosas que, conjugada com as ações escravistas de tropas de guerra e resgate e integrada à economia das drogas do sertão, desestruturou esse poder indígena e obrigou as populações do Alto e Médio Amazonas a incorporarem-se a uma missão religiosa jesuítica ou carmelita ou a fugirem das áreas de maior influência portuguesa e espanhola na região. Na primeira conjuntura (1686-1700), verificamos que a relação de poder entre evangelizadores jesuítas ou carmelitas e grupos de omáguas, yurimáguas e aysuares eram mais equilibradas, sendo as territorialidades indígenas mantidas em função das redes comerciais de longa distância mobilizadas pelos nativos. Na segunda (1701-1721), o desequilíbrio nas relações de poder começou a se fazer presente, principalmente em virtude do asseveramento das disputas entre os missionários representantes das duas coroas no oeste amazônico. Os territórios dos grupos omágua, yurimágua e aysuares foram centralmente atingidos e a delimitação das fronteiras entre os dois domínios coloniais ibéricos se estabeleceu de maneira mais clara. Na terceira conjuntura (1722-1757), o epicentro das redes comerciais indígenas, localizado no Médio Amazonas, foi desmantelado em uma grande guerra justa; o território dos manaos no rio Negro passou a ser ocupado por uma rede de missões religiosas portuguesas, missões essas que, conectadas entre si e integradas aos interesses de outros agentes colonizadores, garantiu o domínio de quase a totalidade do oeste amazônico reivindicado por Portugal com o fim da União Ibérica. (AU)

Processo FAPESP: 17/14921-1 - Descimentos e reducciones indígenas no Oeste amazônico (1686-1757): processos de deslocamento e territorialização dos Omáguas, Yurimáguas, Aysuares, Ybanomas e Manaos
Beneficiário:Fernanda Aires Bombardi
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado