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Rios vazantes: autonomias indígenas e geografias anticoloniais na Amazônia brasileira

Texto completo
Autor(es):
Fabio Márcio Alkmin
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Larissa Mies Bombardi; Bernardo Mançano Fernandes; Gaja Joanna Makaran Kubis
Orientador: Larissa Mies Bombardi; Guilherme Gitahy de Figueiredo
Resumo

Desde meados da década de 1970, organizações indígenas na América Latina têm mobilizado o princípio da autonomia para resistir aos violentos processos de exploração e espoliação capitalista. Elas se afirmam como sujeitos coletivos de direito, defendendo ativamente seus territórios e modos de vida por meio do fortalecimento da autodeterminação e do autogoverno. No Brasil, especialmente na Amazônia, a compreensão desse processo é ainda incipiente, apesar da relevância das autonomias como mecanismos de territorialização e resistência anticolonial dos povos indígenas. Este estudo visa contribuir para o entendimento desse fenômeno, analisando as particularidades das autonomias indígenas na Amazônia Legal brasileira, especialmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988. A abordagem teórica adotada é materialista, histórica e dialética, fundamentada em análises qualitativas de fontes primárias e secundárias. A pesquisa incluiu a análise de documentos de organizações indígenas, trabalhos de campo em territórios autônomos no Pará, Amazonas e México, e uma extensa revisão bibliográfica interdisciplinar. Além disso, pesquisei documentos em arquivos históricos, analisei materiais audiovisuais e utilizei imagens de satélite para interpretar as dinâmicas territoriais autonômicas. Como resultado, identifiquei 13 diferentes estratégias de autonomia desenvolvidas pelos povos indígenas amazônicos, analisadas a partir de uma representação intitulada \"árvore da autonomia\". Essas estratégias incluem a autodemarcação, retomadas, grupos de vigilância territorial, segurança comunitária, protocolos de consulta, processos de educação autônoma, entre outras. Complementarmente, sustento que na perspectiva dos povos indígenas o colonialismo não é um evento histórico já encerrado, mas um processo contínuo que se manifesta historicamente como o modus operandi do Estado e do capitalismo na Amazônia. Destaco ainda que esse colonialismo é intensificado pela emergência climática e pela financeirização da natureza no âmbito da economia verde. Concluo argumentando que a autonomia, embora frequentemente invisibilizada, é uma práxis anticolonial e um princípio axiológico imprescindível para os povos indígenas amazônicos. Essa práxis autonômica é intrinsecamente socioterritorial e faz do território tanto um produto quanto um produtor de tais processos, conferindo, assim, uma grande relevância teórica e política aos aspectos geográficos das autonomias (AU)

Processo FAPESP: 18/22226-4 - Autonomias indígenas na Amazônia Brasileira: um panorama socioterritorial
Beneficiário:Fábio Márcio Alkmin
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado