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Reconstruindo as florestas tropicais úmidas do eoceno-oligoceno do sudeste do Brasil (Bacias de Fonseca e Gandarela, Minas Gerais) com folhas de fabaceae, myrtaceae e outras angiospermas : origens da Mata Atlântica

Texto completo
Autor(es):
Jean Carlo Mari Fanton
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Geociências
Data de defesa:
Membros da banca:
Giorgio Basilici; Luiza Sumiko Kinoshita; André Jasper; Rosemarie Rohn Davies
Orientador: Fresia Soledad Ricardi Tores Branco
Resumo

Folhas isoladas de angiospermas preservadas em depósitos fluvio-lacustres das bacias de Fonseca e Gandarela foram analisadas visando reconstruir o paleoambiente. Angiospermas são bons indicadores climáticos, pois a distribuição de suas espécies no espaço/tempo e influenciada pelo clima. Localizadas no centro-sul de Minas Gerais, as bacias de Fonseca e Gandarela são grabens encravados no embasamento Pré-Cambriano, depositados nos intervalos Neoeoceno-Eoligoceno e Neoeoceno- Eomioceno (respectivamente), segundo dados paleológicos. Como métodos, alem da morfotipificação, características arquiteturais informativas permitiram identificações taxonômicas com base apenas em folhas. Para estimar as paleotemperaturas, aplicou-se a Analise da Margem Foliar (LMA) utilizando a relação entre a proporção de espécies arbóreas "dicotiledôneas" com margens lisas (pE) e a media anual de temperatura (MAT). Antes, a habilidade de modelos sul-americanos foi testada em florestas atlânticas do sudeste. Devido à pEs altas (0,78-0,87), as temperaturas dos locais quentes-baixos (MAT ? 23°C) foram estimadas corretamente, mas o erro foi maior nos locais frios-elevados (MAT ? 22°C, 610-890 m). Mesmo que linhagens obrigatoriamente lisas estiveram super-representadas tanto nos locais quentes quanto frios (em media 38% das espécies/local), o desenvolvimento de terras altas desde o Neocretaceo e Cenozóico no sudeste inviabiliza hipóteses de tempo insuficiente para a evolução de margens denteadas nas angiospermas adaptadas a altitude. Para Fonseca (40 morfotipos) e Gandarela (20) foram obtidas pEs tão altas (0,90 e 0,95) quanto às de florestas equatoriais amazônicas atuais. MATs ? 24,7°C foram reconstruídas pela maioria dos modelos (em media ?27-28°C), faixa megatermica hoje registrada principalmente em terras-baixas do norte e nordeste do Brasil. Mais da metade dos 25 morfotipos aqui descritos foram identificados em famílias tropicais, como Lauraceae (FS06, GR03 e GR09), Fabaceae (FS01-03, FS05, FS09 e GR08), Combretaceae (FS08) e Myrtaceae (FS11-13 e GR02). Todas são linhagens com uma longa historia evolutiva (no mínimo desde o Paleoceno-Eoceno) no norte (Fabaceae e Lauraceae) e no sul (Myrtaceae) da America do Sul, expondo um antigo legado de tropical idade e influencia floristica mista (boreal-laurasiana e austral-antartica). Hoje no sudeste, tais famílias controlam boa parte dos recursos ecológicos na Mata Atlântica e provavelmente já o faziam nas florestas do Neopaleogeno. Devido à composição e certas condições ambientais compartilhadas, as florestas ombrofilas do compartimento sul da Mata Atlântica (inclusive a Floresta Ombrofila Mista, FOM) são analogias modernas parcialmente comparáveis com Fonseca e Gandarela: temperaturas e pluviosidade elevadas mantendo um dossel sempre-verde e multiestratificado, dominado por angiospermas (Myrtaceae, Lauraceae e Fabaceae) e coníferas austrais (Podocarpaceae e Araucariaceae). Confirmam a reconstrução de florestas tropicais úmidas: (1) o conjunto fisionômico da Formação Fonseca (onde 40- 65% dos morfotipos avaliados têm ápice acuminado, 80-90% margens lisas e 50% notofilo-mesofilos) e (2) a presença de linhagens que demandam umidade e intolerantes ao frio, como podocarpaceas dacrydioides (Dacrydiumites) e mirtaceas como FS13 (identificado em Curitiba), exibindo uma folha acuminada 2× maior que da atual C. prismática, espécie endêmica da FOM. O cenário reconstruído se ajusta aos níveis superiores de CO2 atmosférico, maior zona tropical e invernos relativamente brandos do final do Paleogeno (AU)

Processo FAPESP: 07/04489-3 - Angiospermas das paleofloras paleógenas Fonseca e Gandarela: implicações taxonômicas e paleoclimáticas
Beneficiário:Jean Carlo Mari Fanton
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado