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Homens com câncer de próstata: um estudo da sexualidade à luz da perspectiva heideggeriana

Texto completo
Autor(es):
Rosita Barral Santos
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Ribeirão Preto.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (PCARP/BC)
Data de defesa:
Membros da banca:
Maria Alves de Toledo Bruns; Paulo Rennes Marçal Ribeiro; Elizabeth Ranier Martins do Valle
Orientador: Maria Alves de Toledo Bruns
Resumo

O acometimento por uma doença crônica como o câncer se constitui em uma ameaça à vida e tem repercussões físicas, psicológicas e sociais no decorrer da existência. No caso do câncer de próstata, sabe-se que seus tratamentos podem interferir na sexualidade masculina, causando perda do desejo sexual e disfunção erétil. Considerando esta realidade, o objetivo deste trabalho foi compreender o modo como homens com câncer de próstata vivenciam e atribuem significados à sua sexualidade. Optou-se pela metodologia da pesquisa qualitativa, na perspectiva da Fenomenologia Ontológico-Hermenêutica de Heidegger. E utilizou-se a história oral de vida como estratégia de acesso aos relatos dos colaboradores. Foram entrevistados 10 homens com câncer de próstata que foram submetidos a tratamentos, com idades entre 51 e 82 anos, pertencentes às classes econômicas D a B2. Os resultados dos relatos possibilitaram a construção de cinco categorias: 1) A temporalidade da infância e da adolescência; 2) A temporalidade da vida adulta: o casamento, a família e os relacionamentos afetivo-sexuais; 3) O adoecimento: as relações afetivo-sexuais após a vivência do câncer; 4) O horizonte do silêncio: o que vela e desvela o ser; e 5) Projeto de vida. A análise interpretativa desvelou a dor e o sofrimento desses homens ao apresentarem disfunção erétil e seqüelas no seu desempenho sexual, atributo do ideal de masculinidade advindo do sistema patriarcal. As vivências de dor remetem-se aos modos de existir autêntico e inautêntico. A inautenticidade foi observada na recusa em aceitar a facticidade da existência, ou seja, a concretude de um corpo que envelhece, adoece e deixa de responder ao desejo sexual. O acometimento pelo câncer de próstata potencializa o contato com a própria finitude, e alguns colaboradores fogem à angústia que surge quando se constata a possibilidade última e mais própria do existir: a morte. Esses homens buscam, então, os tratamentos disponíveis para a disfunção erétil e projetam seu porvir na possibilidade de voltarem a ter ereções satisfatórias, o que expressa o sonho do desempenho sexual vivido na juventude. Todavia, nessa trajetória, alguns colaboradores apresentaram um modo de existir autêntico, evidenciado pela compreensão da temporalidade de sua existência. Seus relatos desvelaram a consciência de que, por não poderem escapar à finitude, lhes resta aceitar as modificações na sexualidade e buscar vivenciá-la de acordo com seus limites e possibilidades. O modo de existir autêntico, que constitui a abertura do homem para o poder-ser-si-mesmo, foi desvelado na afetividade e no diálogo dos colaboradores com suas parceiras. Nesse momento em que os homens perdem a capacidade de ter ereções e sentem-se frágeis em sua masculinidade, se permitem expressar um aspecto fundamental da existência: a afetividade. A abertura para falar sobre si mesmo e ouvir sua parceira evidencia a dimensão do cuidado e da solicitude na relação afetivo-sexual. Os resultados deste estudo apontam para a compreensão ontológica do ser do homem com câncer de próstata na Pós-Modernidade e podem contribuir na construção de práticas de atenção à saúde mais humanizadas. (AU)

Processo FAPESP: 04/13369-3 - Homens com câncer de próstata e sequelas na sexualidade: um estudo a luz da fenomenologia ontologico-hermeneutica de Heidegger
Beneficiário:Rosita Barral Santos
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado