Nefrogenese em um modelo genetico de hipertensao arterial primaria: implicacoes no desenvolvimento hipertensivo de ratos espontaneamente hipertensos (shr).

Resumo

Se a programação in utero é responsável, pelo menos em parte, pelo desenvolvimento de doenças cardiovasculares tal como a hipertensão arterial no homem é razoável esperar que esta programação possa contribuir para a gênese de hipertensão em modelos genéticos desta doença. Esta assertiva é fundamentada pela observação de que em SHR, o mais estudado modelo de hipertensão essencial, o ambiente uterino difere daquele observado em WKy. Tem sido demonstrada modificação significativa no volume do liquido amniótico de SHR bem como a presença de áreas hemorrágicas placentárias, comparados a WKy, que interferem nas interações materno-fetais. Estudos demonstraram que a transferência de embriões SHR para o útero de fêmeas WKy foi um fator determinante na redução da pressão arterial em filhotes de SHR. Na literatura, há indicações de que: 1. o rim pôde estar relacionado à elevação pressórica em SHR; 2. o ambiente in utero pode modificar a expressão genotípica desta linhagem e, 3. animais SHRs apresentam modificações funcionais e morfológicas renais precoces, antes do desenvolvimento pressórico, podendo ser aventada a hipótese de que modificações intrauterinas em SHR, durante o período ativo da nefrogênese, possam causar redução na área filtrada e/ou no número de glomérulos ao nascimento com possível repercussão sobre os níveis tensionais nesta linhagem na idade adulta. O presente projeto pretende investigar a expressão e localização de renina, angiotensina II, AT1, AT2, SOCS-3 e do VEGF durante a nefrogênese, tanto no período fetal quanto pós-natal, em prole de ratas WKy e SHR. Serão investigadas a expressão e localização de marcadores de diferenciação celular e a ocorrência de apoptose, com o objetivo de verificar se há qualquer interrupção precoce da nefrogênese neste modelo. A repercussão destes fatores in utero sobre a morfometria renal, nos diferentes períodos de estudo, será avaliada por análise estereológica. Na idade adulta, avaliaremos a repercussão de tais variáveis sobe a pressão arterial e na função renal. (AU)