Desenvolvimento da próstata masculina e feminina do gerbilo da Mongólia sob efeito da exposição intra-uterina e pós-natal de testosterona

Resumo

A próstata não é uma glândula exclusiva do sistema reprodutor masculino, sendo encontrada em fêmeas de vários mamíferos, incluindo humanos e roedores. Os mecanismos que regem a morfogênese prostática têm sido descritos para várias espécies, porém nenhuma pesquisa investiga os eventos que promovem o desenvolvimento prostático em machos e fêmeas de gerbilos. Nos ratos machos, a morfogênese prostática é um evento comandado por andrógenos, que agem indiretamente via fatores parácrinos secretados pelo mesênquima. Em fêmeas, acredita-se que o desenvolvimento embriológico da próstata ocorra em um ambiente isento de hormônios esteróides, e que a presença desses hormônios no organismo adulto induza a diferenciação e atividade secretória das células prostáticas. Atualmente vários trabalhos têm relatado uma crescente incidência de cânceres de uretra cujo foco de origem é a próstata feminina humana (glândula de Skene), contudo essas pesquisas não avaliam os fatores que podem predispor a mulher a desenvolver tais lesões. Até o momento, não é possível afirmar se existem fatores intrínsecos do desenvolvimento que podem predispor a glândula prostática feminina ao desenvolvimento de câncer com a idade. Porém, como a exposição precoce a hormônios esteróides é capaz de alterar permanentemente vários órgãos reprodutivos, torna-se questionável se esses agentes também podem interferir com a estrutura e fisiologia da próstata feminina. Com base nesses relatos, a proposta deste projeto é elucidar os eventos que promovem a morfogênese prostática em machos e fêmeas, tanto em condições normais, quanto sob a influência de andrógenos (cipionato de testosterona - T), que podem provocar distúrbios permanentes na homeostasia prostática. Para avaliar o efeito da exposição intrauterina e pós-natal aos andrógenos, as próstatas de machos e fêmeas de gerbilos serão submetidas às análises morfológica, morfométrico-estereológica, sorológica, imunocitoquímica, além de reconstrução tridimensional. A partir dos resultados obtidos, poderão ser elucidados os mecanismos que determinam os diferentes processos de morfogênese prostática em machos e fêmeas, bem como os fatores que podem predispor esta glândula a desenvolver lesões malignas durante o envelhecimento. (AU)