O papel do BDNF e seus receptores em intervenções farmacológicas ou ambientais preventivas em um modelo animal de esquizofrenia: a linhagem de ratos SHR

Resumo

A esquizofrenia é um transtorno mental altamente incapacitante. Sua manifestação acontece no final da adolescência / início da vida adulta e acarreta prejuízos graves no desempenho cognitivo e social do portador, bem como grande sofrimento para seus familiares. Sua fisiopatologia não está bem esclarecida, mas alterações no BDNF (brain-derived neutrophic factor) parecem estar associadas. O tratamento é realizado com antipsicóticos que, embora representem um grande avanço da psicofarmacologia, não beneficiam todos os portadores. Mesmo os que se beneficiam podem sofrer recaídas, que estão associadas ao agravamento da doença, e desenvolver efeitos colaterais graves. Assim, a busca por possíveis intervenções preventivas é de extrema importância. Considerando as dificuldades metodológicas e éticas provenientes do estudo com indivíduos em alto risco para o desenvolvimento de esquizofrenia, o uso de modelos animais torna-se fundamental.Nosso grupo - baseado no perfil comportamental, farmacológico e neuroquímico da linhagem SHR - tem sugerido que esta linhagem possa ser utilizada como um bom modelo para a investigação de diversos aspectos da esquizofrenia. Assim, este projeto tem como um primeiro objetivo a investigação de possíveis alterações nos níveis cerebrais e periféricos de BDNF (pró-BDNF e BDNF maduro analisados separadamente) e seus receptores (TrkB e p75) na linhagem SHR em diferentes idades. Essa avaliação pode contribuir tanto para o entendimento da fisiopatologia da esquizofrenia como para a identificação de possíveis marcadores do seu desenvolvimento.Paralelamente, nosso grupo tem investigado intervenções com potencial preventivo para o desenvolvimento da esquizofrenia. Essas intervenções (farmacológicas ou ambientais) são estudadas na linhagem SHR e aplicadas em animais jovens. Seus possíveis efeitos benéficos são avaliados na idade adulta. Assim, como segundo objetivo, pretendemos avaliar a participação do BDNF e seus receptores nos efeitos benéficos de um tratamento precoce e prolongado com antipsicóticos típicos e atípicos (utilizados para o tratamento da esquizofrenia). Por fim, pretendemos avaliar os possíveis efeitos benéficos de uma exposição precoce e prolongada a ambiente enriquecido (capaz de aumentar os níveis de BDNF) sobre as alterações comportamentais associadas à esquizofrenia na linhagem SHR, e a participação do BDNF e seus receptores nestes efeitos.