Vírus entéricos emergentes em águas residuárias da cidade de São Paulo: Epidemiologia e Controle Ambiental

Resumo

Diversas doenças infecciosas podem ser transmitidas através da água contaminada com material de origem fecal, incluindo hepatites e gastroenterites virais. Entre os vírus entéricos que são frequentemente alvo de investigações no ambiente destacam-se os norovírus (NoV), os rotavírus da espécie A (RV-A), os adenovírus humanos (HadV), o vírus da hepatite A (HAV) e, atualmente, outros grupos virais emergentes, como poliomavírus (JCPyV) e vírus da hepatite E (HEV). O objetivo desse projeto é estabelecer uma estratégia de monitoramento para a vigilância ambiental desses microrganismos em esgoto bruto e tratado (incluindo água de reúso) em estações de tratamento de esgotos (ETEs) da cidade de São Paulo. O bacteriófago Bacteroides GB-124, potencial indicador da presença desses vírus em esgoto, também será analisado através da técnica de plaqueamento. Os processos de tratamento secundário e terciário (filtração, ultrafiltração e cloração) serão avaliados quanto ao potencial de remoção viral, permitindo caracterizar a qualidade virológica desses efluentes e os riscos associados às práticas de reúso ou disposição final em águas superficiais. Técnicas de amplificação de ácidos nucléicos e a caracterização molecular através de sequenciamento de nucleotídeos e análise filogenética serão empregadas para detecção, quantificação e genotipagem viral, resultando na obtenção de informações relevantes sobre a epidemiologia de vírus entéricos disseminados nas águas residuárias da cidade de São Paulo e dados inéditos sobre a ocorrência de vírus emergentes (NoV GIV, HEV e JCPyV) em amostras ambientais do Estado. A validação de protocolos dos métodos analíticos testados na detecção viral fornecerá ferramentas úteis de diagnóstico para avaliar patógenos emergentes no ambiente.